São tantas as opções atualmente e tantas informações sobre benefícios e malefícios do sal que fica até difícil saber o que levar para casa. Tem gente que usa o sal rosa do Himalaia. Há ainda quem diga que prefere o sal light e sal rosa juntos, afirmando que o light tem menor teor de sódio e o rosa, mais minerais.
Para a costureira Kaline Burlamaque, de 32 anos, o sal refinado é a melhor opção já que, segundo ela, cabe no orçamento da família. Já a nutricionista Leiliane Xavier, de 32 anos, usa a mesma opção de compra, mas escolheu uma alternativa para deixar as preparações em casa mais saborosas e saudáveis. “Eu uso sal de ervas caseiro! Mais saudável já que reduz o teor de cloreto de sódio para temperar e dar sabor aos alimentos”, defende.
Entenda a composição de cada um
O sal de cozinha, comum no Brasil, passa por um processo de refinamento a partir da água do mar. Seu principal componente é o cloreto de sódio, formado por sódio (40%) e cloreto (60%). O sódio tem a importante função de manter o equilíbrio osmótico das células e regula o volume de fluidos corporais como o sangue, além de atuar no funcionamento normal de músculos e nervos. O sal no Brasil ainda é enriquecido com iodo para que se previnam doenças ligadas à tireoide e se promova o desenvolvimento neurológico adequado das crianças na gestação.
Apesar da proliferação de produtos que procuram se diferenciar ou trazer atributos de mais naturais ao utilizar a denominação “sal marinho”, para a legislação brasileira, todo sal produzido a partir da água do mar pode ser denominado “sal marinho”, independentemente do grau de refinamento. Além disso, não há evidências científicas que comprovem benefícios ou malefícios associados com seu maior ou menor refino.
Sais de rocha são extraídos em minas e não do mar e por isso possuem uma mistura de cloreto de sódio e outros minerais presentes nas rochas. Um exemplo bastante conhecido é o sal rosa do Himalaia, que, devido à presença de outros minerais em sua composição, possui a coloração característica. Contudo, não há evidências científicas de benefícios que os sais minerais promovam à saúde e estes produtos não são indicados como substitutos mais saudáveis para o sal de cozinha.
O sal light, por sua vez, é obtido a partir da mistura de cloreto de sódio e de cloreto de potássio, em graus que podem variar de meio a meio a até um terço/dois terços, respectivamente, o que lhe confere menor teor de sódio do que o sal de cozinha. Este sal constitui uma alternativa com benefícios comprovados para a redução da ingestão de sódio e aumento da ingestão de potássio, porém indivíduos com restrição ao consumo de potássio, como aqueles com doenças renais, devem ficar evitar seu consumo.
Opções e consumo
Todas as opções de sal citadas possuem sódio. Por isso, mais importante do que escolher a melhor opção é preciso ficar atento à quantidade de sal consumida DIARIAMENTE. O excesso de sal, consequentemente de sódio, atua como importante fator de risco para o desenvolvimento de diversas doenças crônicas, como hipertensão arterial, doenças cardiovasculares, doenças renais e câncer gástrico, entre outras doenças.
O consumo de sal pela população brasileira é de quase 12g/dia, de acordo a Pesquisa de Orçamentos Familiares de 2008/09 realizada pelo IBGE, o que ultrapassa em mais de duas vezes a recomendação da Organização Mundial da Saúde (inferior a 5g/dia de sal ou 2000mg/dia de sódio).
Diante dessa realidade, estudos mostram que mesmo uma modesta diminuição no consumo de sódio pode proporcionar benefícios para a saúde e reduções graduais até alcançar os níveis recomendados de ingestão podem proporcionar benefícios ainda maiores.
Mas reduzir o consumo de sódio da alimentação não é simples. O mineral não está presente apenas no sal que adicionamos no preparo dos alimentos, ele também é utilizado em conservas, salmouras e está presente em grande quantidade dos alimentos industrializados prontos para consumo, inclusive em alimentos doces, como biscoitos recheados e bebidas.
No entanto, algumas estratégias para reduzir o consumo na sua casa podem ser adotadas, como por exemplo, a utilização de substitutos do sal, como citou a Leiliane Xavier.
Um dos substitutos do sal de cozinha para reduzir o exagero à mesa e na cozinha é conhecido como “sal de ervas”.
Este consiste em uma mistura de partes iguais de sal, orégano, manjericão, alecrim ou qualquer outra erva aromática. A mistura do sal com as ervas auxilia na diminuição da quantidade de sal utilizada nas preparações, podendo ser utilizado em substituição ao sal de adição (na mesma quantidade) em pratos quentes e saladas. Outra boa opção para reduzir o consumo de sal é o preparo caseiro de temperos como o de alho e sal.
Os temperos “instantâneos”, frequentemente utilizados como substitutos do sal, tais como temperos em cubo, em pó e em pasta e os temperos industrializados para saladas e outros alimentos não são recomendados porque têm grandes quantidades de sódio e muitas vezes de gorduras, além de outros aditivos.
Resumindo, já que é para escolher uma opção para temperar os alimentos em casa, a dica é escolher não exagerar no sal. Seja qual for o substituto escolhido, deve ser consumido em pequenas quantidades para temperar alimentos in natura e minimamente processados, como a carne, o arroz e feijão, e as preparações culinárias feitas com eles.
Lembre-se que os alimentos processados e ultraprocessados, aqueles dos pacotes e que geralmente têm muitos aditivos na lista de ingredientes, devem ser evitados, segundo o Guia Alimentar para a População Brasileira, pois possuem, muitas vezes, grandes quantidades de sódio que não percebemos.