Álcool: números preocupam profissionais de saúde pública

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Álcool: números preocupam profissionais de saúde pública

A Fiocruz sediou, em outubro, o Seminário Internacional Álcool, Saúde e Sociedade, uma parceria com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas)/Organização Mundial da Saúde (OMS), que reuniu especialistas nacionais e estrangeiros com o objetivo de debater os aspectos epidemiológicos, históricos e culturais do consumo de álcool, assim como as políticas públicas no Brasil e na América Latina.
 
A preocupação não é à toa. Segundo dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), uma parceria entre o IBGE e a Fiocruz para o Ministério da Saúde, realizada em 2013, que teve a coordenação científica de Célia Landmann Swarcwald, pesquisadora do Laboratório de Informação em Saúde (Lis)/Icict, cerca de 24% da população com 18 anos ou mais consome bebida alcóolica uma vez ou mais por semana. Entre homens, a frequência é quase três vezes maior (36,3%) do que entre as mulheres (13%), variando de 18,8% na região Norte a 28,4% na região Sul.
A Fiocruz sediou, em outubro, o Seminário Internacional Álcool, Saúde e Sociedade, uma parceria com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas)/Organização Mundial da Saúde (OMS), que reuniu especialistas nacionais e estrangeiros com o objetivo de debater os aspectos epidemiológicos, históricos e culturais do consumo de álcool, assim como as políticas públicas no Brasil e na América Latina.
 
A preocupação não é à toa. Segundo dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), uma parceria entre o IBGE e a Fiocruz para o Ministério da Saúde, realizada em 2013, que teve a coordenação científica de Célia Landmann Swarcwald, pesquisadora do Laboratório de Informação em Saúde (Lis)/Icict, cerca de 24% da população com 18 anos ou mais consome bebida alcóolica uma vez ou mais por semana. Entre homens, a frequência é quase três vezes maior (36,3%) do que entre as mulheres (13%), variando de 18,8% na região Norte a 28,4% na região Sul.
                                         (Fonte: Pesquisa Nacional de Saúde Pública – PNS 2013)          
 “Droga de fundo” – Até a Pesquisa Nacional sobre o Uso do Crack, coordenada por Francisco Inácio Bastos (Lis/Icict) e realizada em 2012, detectou o consumo de álcool entre os usuários da droga. Segundo dados da Pesquisa, há um consumo altíssimo de duas drogas lícitas, concomitante ao consumo do crack: o álcool  (77,07%) e o tabaco (85,06%). Bastos atribui isto “à imensa disponibilidade e baixo custo do álcool”. Ele explica que “a princípio, toda e qualquer droga se sobrepõe ao álcool, que é uma espécie de “droga de fundo” de todas as demais.”
 
Doenças como depressão, ansiedade, câncer de fígado e boca são algumas das enfermidades que o alto consumo de álcool provoca, sem falar na síndrome do alcoolismo fetal, que afeta não só a mãe como causa lesões graves ao bebê ainda no útero. Além disso, a OMS alerta para os impactos do consumo abusivo de álcool como suicídio e violência, sem falar nos efeitos sobre as habilidades psicomotoras, que leva a acidentes.
 
O consumo abusivo de álcool nos últmos 30 dias anteriores à coleta de dados da PNS também foi levantado. Ele atingiu 13,7% da população brasileira, sendo 21,6% do público masculino contra 6,6% do feminino. Ainda no inquérito, no intervalo de tempo de quatro dias ou mais nos últimos 30 dias anteriores à PNS para o consumo abusivo de álcool, o número fica em 5,9% para a população brasileira, com a feminina representando em 2,4% e a masculina em 9,9%.
 
Do consumo lícito a um problema de saúde pública, o consumo de álcool no Brasil deixa em estado de alerta pesquisadores e especialistas da área de saúde. Francisco Inácio Bastos compara inclusive o consumo de álcool ao de tabaco, alertando para alguns pontos:, “o baixo preço, a imensa acessibilidade e o funcionamento inadequado ou inexistência de regulamentos, em forte oposição ao tabaco, onde persistem obviamente problemas, mas a regulação, em termos globais, é substancialmente melhor e mais sistematicamente aplicada” ” o que levaria o álcool a ser a substância psicoativa mais consumida em todo o mundo e a que corresponde a mais elevada “carga de doença” ” ou seja, óbitos, doenças e perda de capacidade de realizar tarefas cotidianas.
Jovens x álcool
 
Jovens x Àcool – Outro dado relevante trazido pela PNS é que a média de idade do consumo de álcool é de 18,7 anos para homens e 20,6 para mulheres.
                                   (Fonte: Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar – PeNSE 2015)
Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE), de 2015, do IBGE, realizada com  estudantes 9º ano (antiga 8ª série), do ensino fundamental nas capitais e Distrito Federal das escolas públicas (2.243.100 alunos) e privadas (486.468 discentes), apontou que 55,5% dos escolares do 9º ano já fizeram uso de bebida alcóolica nos últimos 30 dias que antecederam a Pesquisa, seja essa bebida cerveja, vinho, cachaça ou uísque. 
 
Já os episódios de embriaguez, aconteceram com 21,4% dos estudantes entrevistados. Considerando-se que a PeNSE ouviu jovens entre 13 e 17 anos, os números são preocupantes, até porque o uso abusivo de álcool estimula violências, acidentes, insucesso escolar e comportamentos de risco como tabagismo, uso de drogas ilícitas e sexo desprotegido.
 
Para a assessora regional em álcool da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas)/OMS, Maristela Monteiro é preciso ter uma atenção especial em relação aos jovens, com a implementação de uma política pública dentro das escolas, pois o consumo de álcool inicia-se, em geral, na adolescência. Ela também destaca a importância das pesquisas sobre o tema “álcool”.
 
Misturas letais – Uma visão mais abrangente, mostra que a ingestão de bebidas alcóolicas antecede ao consumo de outras drogas, como a cocaína, por exemplo. Francisco Inácio Bastos alerta que os impactos a mistura álcool e cocaína podem levar a resultados imprevisíveis e muito danosos à saúde:  “o efeito conjunto de diferentes drogas é, por vezes, imprevisível, porque é muto difícil, algumas vezes impossível, determinar doses e composição com um mínimo de precisão, e os efeitos adversos podem se somar, de diferentes formas”, e exemplifica: “cocaína (não necessariamente o crack) + álcool geram uma substância mais tóxica do que ambas isoladamente, o cocaetileno, que não existe naturalmente, sendo sempre fruto da metabolização conjunta de álcool e cocaína”.
 
O pesquisador do Icict é franco ao defender um olhar multidisciplinar à questão do álcool e das drogas de forma geral: “infelizmente, a cada momento, uma determinada substância polariza o debate público, como já foi o caso do crack e vem sendo o caso da cannabis, quando, na verdade, a questão exige uma visão integrada, pois o usuário contemporâneo é, basicamente, um poliusuário”.
 
A Fiocruz já incorpora integralmente o álcool nos debates e pesquisas das políticas públicas de saúde, por meio do do Programa Institucional de Apoio a Pesquisas e Políticas Públicas sobre Álcool, Crack e outras Drogas (PACD), que é coordenado por Bastos.

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