Conheça a história dos médicos da família Pydd, na qual avô, pai e neto são ortopedistas
Os laços familiares não são os únicos motivos de ligação entre Armindo Pydd, Alberto Arais Pydd, Bernardo Arais Pydd, e Samuel Bamberg Pydd. O amor e a dedicação pela ortopedia e traumatologia é outro aspecto que envolve as três gerações. A história ilustra como gerações de médicos fazem parte da história de 65 anos da AMRIGS e é exemplo de dedicação e amor à profissão.
Três gerações da família Pydd (Arquivo pessoal)
– Eu fui um dos cinco irmãos destinado aos estudos. Dizem que foi por ser o mais magrinho e fraco, mas fui o primeiro da família a ser médico e hoje já são oito! Fiquei surpreso e emocionado pela escolha da ortopedia e traumatologia pelos meus filhos e neto – afirma o patriarca Armindo Pydd.
O início da tradição da especialidade na família ocorreu após uma tragédia pessoal. Armindo estava no início da sua residência em cirurgia geral quando sofreu um trauma em um jogo de futebol.
– Sofri uma luxação posterior no joelho esquerdo. Naquela época a amputação era a opção mais frequente, não aconteceu, mas não pude mais jogar futebol. Perdeu-se um grande centroavante goleador, mas achei minha vocação. A residência em ortopedia e traumatologia do Hospital de Clínica de Curitiba era comandado pelo renomado médico Heinz Rücker, mais um motivo para a escolha, além da falta de ortopedistas em Ijuí e região – lembra o médico.
Especialidade alcança terceira geração da família Pydd
(Arquivo pessoal)
Quando iniciou suas atividades no Noroeste do Estado não havia estrada asfaltada. A pedido de diversos colegas, Armindo realizou inúmeras cirurgias para tratar fraturas dos ossos da perna, do colo, do fêmur e outros tipos de traumas em cidades como Três Passos, Panambi, Condor e Coronel Bicaco.
– Levava uma caixa com o instrumental e implantes. O anestesista era o próprio colega ou a auxiliar de enfermagem. Numa destas viagens, senti um vento muito frio durante a cirurgia. Verifiquei que a janela tinha como única proteção uma cortina muito leve, que ao se afastar, mostrava os familiares do lado de fora do hospital assistindo a tudo e conferindo o que o médico de ossos fazia. Apesar das precárias condições, nunca tive problemas insolúveis com as poucas infecções que ocorreram. Assepsia pessoal e instrumental, método cirúrgico adequado e rapidez são aspectos essenciais, especialmente nestas condições – relata Armindo.
Tamanha dedicação ao ofício refletiu no interesse dos filhos Alberto e Bernardo em seguir os mesmos caminhos profissionais do pai. Alberto se formou em medicina na Universidade de Caxias do Sul e cursou residência em ortopedia e traumatologia no Hospital Independência e especialização em coluna no serviço do professor Ernani Abreu. Já Bernardo cursou medicina na PUC Porto Alegre, onde também realizou a sua residência em ortopedia e traumatologia e pós graduação em joelho.
– O interesse pela especialidade surgiu após ter feito estágios em outras especialidades de ortopedia, porque traz resultados visíveis. A permanência da família na mesma especialidade é boa pois permite a troca de experiências na mesma área. Um médico experiente, no caso meu pai, acrescentou muito ao longo do meu trabalho e isto me deixa tranquilo – considera Bernardo.
A vivência junto ao pai durante a infância foi um fator determinante para o outro filho.
– Minha escolha foi fácil, pois acompanhava meu pai desde muito cedo. Lembro de ir aos plantões dele no hospital Caridade de Ijuí e aos 6, 7 anos observava reduções de fraturas e consultas ortopédicas. Temos muito orgulho de mantermos uma tradição de ortopedistas na família. A perpetuação de gerações só faz aprimorar nosso trabalho – afirma Alberto.
Sobre a sua trajetória, Alberto destaca a sua dedicação na formação de novos ortopedistas junto à preceptoria de residência médica. Tal dedicação contribuiu para que seu filho, Samuel, também optasse pelo ofício.
Formado em medicina pela Universidade Luterana do Brasil – Ulbra, o neto de Armindo, fez sua residência em ortopedia e traumatologia no Hospital Universitário Dr. Miguel Riet Correa Junior, na FURG, em Rio Grande. Atualmente, Samuel se prepara para concluir sua especialização em cirurgia da coluna, também no serviço do professor Ernani Abreu.
– Quando decidi escolher fazer medicina já tinha certeza de que me especializaria na área. Desde muito jovem acompanhava meu avô nas visitas ao hospital, nos plantões e no consultório médico. Vi que era uma especialidade muito dinâmica, com consultório, emergência, bloco cirúrgico e reabilitação. Depois, durante a faculdade, comecei a acompanhar meu pai Alberto durante o ano letivo, em Porto Alegre, em cirurgias de coluna, e meu avô nas férias. Tive certeza que seria a melhor escolha, pois percebia neles a satisfação, alegria e amor por aquilo que faziam, o respeito e carinho, a responsabilidade e seriedade ao atender e operar seus pacientes – relata Samuel, cuja irmã, Eduarda, também pretende cursar medicina.
Além de compartilhar experiências, as três gerações da família Pydd participam de congressos sobre a especialidade. A luta por uma saúde de qualidade, tanto na esfera pública quanto na privada e convênios, é destacada pelos filhos e neto de Armindo, reforçando a sua dedicação ao ofício.
Jubilado e reconhecido pela comunidade médica
Em setembro de 2016, Armindo Pydd foi um dos médicos homenageados em cerimônia que marcou os 50 anos da formatura da turma de medicina, na Universidade Federal do Paraná. Na ocasião, Pydd recordou que na época haviam poucas faculdades que ofertavam o curso no Brasil.
Troca de conhecimento e experiência entre família
(Arquivo pessoal)
Após concluir a sua formação e retornar de um estágio na Suíça, Armindo se estabeleceu em Ijuí onde permanece em atividade até os dias de hoje, somando quase 15 mil cirurgias em seu currículo. Ele atende em sua clínica, nos hospitais, exames de habilitação de motorista e atua como voluntário no Esporte Clube São Luiz há 47 anos. Além disso, foi fundador da Unimed Ijuí; integra o Conselho da AMRIGS e é membro titular da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT). Há 14 anos é diretor-presidente da Sociedade de Estudos Pesquisas e Assistência Médica (Sepam).
Pydd foi, ainda, secretário municipal da Saúde de Ijuí por dois mandatos. Dentre as suas ações, destaca-se o seu pioneirismo no Programa e Planejamento Familiar e na criação do Consórcio Intermunicipal de Saúde (CISA), hoje modelo no país.