Porto Alegre é a quarta capital brasileira com maior incidência de tuberculose. Na lista das cinco maiores incidências estão Manaus, Recife, Belém e Rio de Janeiro. Em 2017, foram 81,7 casos de tuberculose a cada 100 mil habitantes. Com relação à sífilis adquirida, os índices são ainda maiores, 120 casos por 100 mil habitantes. Em 2016, o Rio Grande do Sul chegou a ter 93,7 casos de sífilis por 100 mil habitantes.
No sentido de alertar a população e profissionais de saúde a respeito da tuberculose e da sífilis, a prefeitura preparou campanha de serviço para divulgar as informações. A forma mais segura de se proteger da transmissão da sífilis é usar camisinha na relação sexual. Em caso de dúvida, a orientação é dirigir-se a uma das 140 unidades de saúde da cidade para solicitar orientações e fazer a testagem. Os exames para diagnóstico são gratuitos, com início imediato do tratamento.
Sífilis – Conforme o secretário municipal de Saúde, Erno Harzheim, de cada mil recém-nascidos em Porto Alegre, 32 são portadores de sífilis congênita, transmitida no útero. “Trata-se de uma epidemia mundial, mas os números não são aceitáveis, então, precisamos agir ativamente na indicação do tratamento”, afirma.
A sífilis é transmitida por uma bactéria e tem três fases de desenvolvimento, podendo inclusive não apresentar sintomas. Se não for tratada, no entanto, pode comprometer vários órgãos, como olhos, pele, ossos, coração, cérebro e sistema nervoso. A doença é transmitida na relação sexual sem camisinha, compartilhando agulhas ou seringas ou da mãe infectada para o bebê, durante a gravidez ou no parto, nesse caso chamada de sífilis congênita, que pode causar aborto, má-formação do feto e até a morte do bebê.
Na capital gaúcha, os casos de sífilis congênita são acompanhados desde 1995. De acordo com dados da Coordenadoria-Geral de Vigilância em Saúde da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), há um importante aumento do número de casos desde o ano de 2007 (107 casos), chegando a 585 casos, em 2015, e 596, em 2017, incidência de 32,1 casos por mil nascidos vivos. Já a vigilância epidemiológica da sífilis adquirida teve início em 2011, na Capital. No ano de 2013, foram 910 casos, subindo para 2.497 casos, em 2015, e 1.438 casos registrados no sistema de informação em 2017. Apesar da redução do último ano, se considera que haja grande subnotificação.
Orientações sífilis – Os exames para diagnóstico são gratuitos e podem ser feitos em todas as unidades de saúde. Caso o resultado seja positivo, a pessoa já sai com o tratamento na hora. Além disso, a prefeitura possui um ônibus com dois consultórios que atende em diversos locais da cidade, o Fique Sabendo. Nele, a população tem acesso a testes rápidos e também ao tratamento, sem necessidade de agendamento.
Tuberculose – No caso da tuberculose, uma das principais dificuldades no combate à doença é o abandono do tratamento. Harzheim considera baixo os 56% de índice de cura. “O tratamento dura seis meses, tendo um alto índice de abandono, e nossas campanhas buscam sinalizar para a população que temos o serviço oferecido gratuitamente nas unidades de saúde, sendo necessário prosseguir o tratamento até o final”, alerta. Normalmente, o processo dura seis meses, mas pode se estender a um ano ou mais, conforme a multirresistência que o bacilo adquire após a interrupção. Alimentação desregrada e exposição a intempéries do clima e ambientes insalubres facilitam o contágio, por isso, a SMS tem trabalhado para ampliar, capacitar e intensificar o atendimento aos pacientes, sendo que as unidades de saúde oferecem tanto teste quanto tratamento pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Causada por uma bactéria (Bacilo de Koch) que ataca principalmente os pulmões ” mas pode ocorrer em outras partes do corpo “, a doença é transmitida pelo ar. Tosse por mais de duas semanas, associada a um ou mais sintomas ” transpiração excessiva à noite, cansaço, falta de apetite, emagrecimento e febre ” pode configurar a doença. O tratamento consiste em medicação de uso regular, todos os dias, no mesmo horário, durante seis meses. Em caso de interrupção antes do previsto, a pessoa pode ter recidiva e desenvolver uma tuberculose resistente aos medicamentos do esquema básico.
O perfil epidemiológico da doença mostra que ela atinge predominantemente pessoas com baixa escolaridade, em sua maioria homens em idade produtiva. Entre os públicos de maior vulnerabilidade estão população em situação de rua, portadores de HIV/Aids, população negra, indígenas, população prisional e egressos, dependentes químicos e outros transtornos mentais.
Orientações tuberculose – O paciente deve procurar a unidade de saúde de referência para fazer o exame e, em caso positivo, iniciar o tratamento imediatamente. A tuberculose tem cura, desde que o tratamento tenha continuidade até o final. No caso da população em situação de rua, o SUS garante o direito de atendimento em qualquer unidade de saúde, sem a apresentação de comprovante de residência para cadastramento do cartão SUS. A garantia tem base na portaria nº 940, do Ministério da Saúde, de 28 de abril de 2011.