A Secretaria Municipal de Saúde (SMS), através do Comitê Municipal da Transmissão Vertical do HIV e Sífilis Congênita, discutiu nesta quinta-feira, 1º de junho, quatro casos clínicos relacionados a infecções em gestantes e crianças expostas aos vírus. O encontro ocorreu pela manhã, no Palácio do Ministério Público do RS (MP/RS), localizado na Praça da Matriz, esquina Jerônimo Coelho.
A reunião ocorre mensalmente e, nesta edição, contou com a participação das representantes da Promotoria de Direitos Humanos do MP, Liliane Dreyer e Gisele Monteiro, que apresentaram os fluxos de trabalho em casos nos quais se faz necessária a atuação do órgão. Também teve a presença do coordenador de Atenção Primária da SMS, Thiago Frank, além de membros do comitê que representam maternidades e ambulatórios de ginecologia e obstetrícia dos hospitais, serviços de atenção primária e especializada, entidades de classe, conselhos tutelares e universidades.
No Rio Grande do Sul e em Porto Alegre, o desafio é reduzir a taxa de transmissão vertical do HIV, ou seja, quando o vírus passa da mãe para o bebê na gestação, parto ou durante a amamentação. De acordo com a assessora técnica da área de Infecções Sexualmente Transmissíveis/Aids e Hepatites Virais da SMS, Adriane Friedrich, a cada reunião do comitê o objetivo é discutir um caso real em que houve a transmissão vertical, um caso de sífilis congênita, um caso em que não houve uso de antirretroviral no parto de sífilis e um caso de gestante com alto risco de transmissão, situação na qual toda a rede precisa trabalhar em conjunto para a prevenção, incidindo em ações para o controle da infecção.
Porto Alegre tem mostrado redução na taxa de transmissão vertical. Em 2014, a capital gaúcha apresentou uma taxa de transmissão vertical de HIV de 3%, ou seja, 11 crianças nascidas naquele ano se infectaram. Nos anos de 2009 e 2010, no entanto, a taxa chegou a 6%. A cada ano, há uma média de 400 gestantes portadoras de HIV acompanhadas pela rede de atenção da cidade. Já no caso da sífilis congênita, os dados de 2016 apontam 29 casos para cada mil nascidos vivos. Os números são da Coordenadoria-Geral de Vigilância em Saúde da SMS.
Para que esse valor siga a tendência de redução, a Capital tem adotado ações de saúde, conforme explica a técnica da Equipe de Vigilância de DST/Aids, Lisiane Acosta. “A SMS encara o HIV como uma questão de toda a assistência, numa gestão de corresponsabilidade: com o teste rápido disponibilizado nas unidades básicas de saúde, o serviço também é responsável por esse cuidado”, avalia. Ela explica que o pré-natal de uma mãe HIV deve ser acompanhado pelo especialista, infectologista e a unidade de saúde. “A atenção primária vem sendo capacitada para esse atendimento: o teste rápido está em todas as unidades. É o cuidado de uma forma mais integral”, afirma.
Entre as dificuldades para interromper a transmissão vertical, Lisiane destaca que cerca de 30% das mulheres grávidas com HIV não fazem o pré-natal, principalmente usuárias de drogas, e 10% não estão usando antirretroviral no parto, apesar de haver todos os insumos disponíveis nas maternidades. “Além disso, muitas mulheres que se descobrem com HIV quando gestantes foram contaminadas por seu parceiro sexual e alguns já sabiam de sua condição de portador”, diz. “Também há casos em que a mulher contrai o HIV após o parto e está amamentando, ficando a par de sua condição quando o bebê contrai a doença. Por isso a importância da testagem do parceiro no momento da gestação também”, acrescenta Lisiane.
Comitê “ Criado em agosto de 2013, o Comitê Municipal da Transmissão Vertical do HIV e Sífilis Congênita reúne atenção primária, áreas especializadas, maternidades, Vigilância em Saúde e áreas de HIV/Aids, da mulher e da criança da SMS, todos articulados em rede para discutir os casos mais representativos e com alta vulnerabilidade para a transmissão vertical.