Conhecer os riscos e sintomas da tuberculose desde cedo pode garantir que a educação em saúde seja assunto do dia a dia. Nesta terça-feira, 27, crianças de escolas próximas à Unidade de Saúde Cristal, na rua Cruzeiro do Sul, 2702, participaram de atividades lúdicas no sentido de alertar sobre a doença, já que Porto Alegre está entre as cinco capitais brasileiras com maior incidência de tuberculose, junto com Manaus, Recife, Belém e Rio de Janeiro. Em 2016, foram 87 casos a cada 100 mil habitantes.
Durante a manhã, os pequenos assistiram a teatro de fantoches e integraram atividades de pescaria e boca do palhaço, com perguntas e respostas informando que tuberculose tem cura, mas é necessário buscar atendimento assim que os sintomas aparecerem. Causada por uma bactéria (Bacilo de Koch), que ataca principalmente os pulmões, mas pode ocorrer em outras partes do corpo, a doença é transmitida pelo ar. Tosse por mais de três semanas, associada a um ou mais sintomas ” transpiração excessiva à noite, cansaço, falta de apetite e febre ” pode configurar a doença.
Para esta quarta-feira, 28, está prevista nova ação, desta vez com o público adulto, no Barra Shopping Sul, com orientações e distribuição de material informativo. Na quinta-feira, 29, as atividades lúdicas serão realizadas na US Camaquã, incluindo teatro de fantoches, música, pescaria e jogos. A iniciativa é do Centro de Referência da Tuberculose das regiões Glória/Cruzeiro/Cristal e Sul-Centro Sul. As ações são motivadas pelo Dia Mundial de Combate à Tuberculose, lembrado em 24 de março, que chama a atenção para uma das principais dificuldades no combate à doença: o abandono do tratamento. Normalmente, o processo dura seis meses, mas pode chegar a dois anos, conforme a multirresistência que o bacilo adquire após a interrupção.
Tratamento dura seis meses ” Também nesta semana, começaram a circular nos ônibus da Capital 150 busdoors com a frase “Para vencer a tuberculose, é preciso ir até o fim do tratamento”, iniciativa da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) como forma de alertar a população. “É importante destacar que qualquer um de nós pode ter tuberculose, pois a doença é transmitida pelo ar”, afirma a assessora técnica da área na SMS, Daniela Wilhelm. Nesse caso, as unidades de saúde oferecem tanto teste quanto tratamento pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Alimentação desregrada e exposição a intempéries do clima e ambientes insalubres facilitam o contágio, por isso, a SMS tem trabalhado para ampliar, capacitar e intensificar o atendimento aos pacientes.
O perfil epidemiológico da doença mostra que ela atinge predominantemente pessoas com baixa escolaridade, em sua maioria homens em idade produtiva. Entre os públicos de maior vulnerabilidade estão população em situação de rua, portadores de HIV/Aids, população negra, indígenas, população prisional e egressos, dependentes químicos e outros transtornos mentais.
“Porto Alegre consegue diagnosticar a meta estabelecida pelo Ministério da Saúde dos casos de tuberculose, mas a doença tem profunda raiz social, e o tratamento é demorado”, diz Daniela, destacando que a grande dificuldade na cura da doença é o abandono do tratamento. Consiste em medicação de uso regular, todos os dias, no mesmo horário, durante seis meses. Em caso de interrupção antes do previsto, a pessoa pode ter recidiva e desenvolver uma tuberculose resistente aos medicamentos do esquema básico.
Orientações “ O paciente deve procurar a unidade básica de saúde de referência para fazer o exame e, em caso positivo, iniciar o tratamento imediatamente. A tuberculose tem cura, desde que o tratamento tenha continuidade até o final. No caso da população em situação de rua, o SUS garante o direito de atendimento em qualquer unidade de saúde, sem a apresentação de comprovante de residência para cadastramento do cartão SUS. A garantia tem base na portaria nº 940, do Ministério da Saúde, de 28 de abril de 2011.