Vice-presidente da AMRIGS e psiquiatra, Jair Rodrigues Escobar, destaca a necessidade de entendimento sobre a doença para tratamento adequado
Com o lema “Depressão: vamos conversar”, a Organização Mundial da Saúde (OMS) promove uma reflexão sobre o transtorno. O Dia Mundial da Saúde, celebrado em 7 de abril, irá debater a doença que afeta, atualmente, cerca de 300 milhões de pessoas no mundo, e 11 milhões no Brasil, segundo a OMS, podendo causar sérios problemas qualquer etapa da vida.
Transtorno causa sofrimento e perdas aos indivíduos afetados (pixabay.com)
O vice-presidente da Associação Médica do Rio Grande do Sul (AMRIGS) e médico psiquiatra, Jair Rodrigues Escobar, lembra que a iniciativa é importantíssima, pois reforça a existência de formas de prevenir a depressão e também de tratá-la. Na sua avaliação, conversar abertamente sobre a enfermidade é um passo fundamental para entender melhor o assunto e reduzir o estigma associado à doença, fazendo com que mais pessoas busquem ajuda.
Vice-presidente da AMRIGS, Jair Rodrigues
Escobar (Marcelo Matusiak)
– A depressão é um transtorno mental frequente, sendo a principal causa de incapacidade em todo o mundo. Apresenta diferenciação das variações usuais de humor e das respostas emocionais de curta duração em relação aos desafios que o ser humano enfrenta diariamente. Quando persiste por longo tempo, com intensidade moderada ou grave, pode causar na pessoa afetada um grande sofrimento, além de problemas nas relações familiares, de amizade e no desempenho profissional. No pior quadro, pode levar ao suicídio – enfatiza o vice-presidente da AMRIGS.
O psiquiatra destaca que existem tratamentos eficazes para a depressão, contudo, menos da metade das pessoas que sofrem com o transtorno, em todo o mundo, usufruem dessa condição. Muitos dos casos ocorrem em função da falta de recursos financeiros, de profissionais treinados e do estigma social que envolve a doença. Além disso, há situações nas quais o diagnóstico nem sempre é preciso sobre o indivíduo ter, ou não, a enfermidade.
Jair Rodrigues Escobar ressalta, ainda, que os episódios depressivos de grau leve podem causar dificuldade para a pessoa afetada continuar um trabalho ou interagir socialmente, no entanto, sem grande prejuízo em seu funcionamento global. Já os casos graves podem, sim, impedir que o indivíduo prossiga com suas atividades sociais, profissionais e domésticas, com maior presença de humor deprimido, perda de interesse e prazer, além de energia reduzida.
– Pessoas que tiveram algum tipo de adversidade séria durante a vida, como perda de emprego, luto ou trauma psicológico, estão mais propensas a serem afetadas pelo transtorno. Uma saúde física de má qualidade também pode levar à depressão – avalia o vice-presidente da AMRIGS.
Uma vez diagnosticada, a depressão pode ser tratada de várias formas. Tratamentos psicológicos, como ativação comportamental, terapia cognitivo-comportamental, psicoterapia interpessoal e/ou medicamentos antidepressivos, são as maneiras mais usuais de controle da enfermidade, sempre respeitando as necessidades de cada paciente.
Um detalhe importante é que a depressão é mais recorrente na adolescência e na terceira idade. Entre os jovens, começa a ser mais comum a sua incidência pelo fato de eles não saberem lidar de forma saudável com as transformações que vivem nesta etapa da vida. A decorrência do envelhecimento também gera comportamentos depressivos em muitos casos.