Dismorfias corporais e transtornos alimentares são doenças graves que precisam de atenção

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Dismorfias corporais e transtornos alimentares são doenças graves que precisam de atenção

Ana não gosta do próprio corpo. Ela é magra, inclusive está abaixo do peso ideal para a altura que tem. Mas, quando chega perto do espelho, a única imagem que consegue ver é de uma mulher obesa. Por isso, quando come, sente culpa. Ana também não se sente a vontade quando veste uma roupa. Acredita que nenhuma peça lhe cai bem. Apesar de sentir tanta angústia, não consegue falar com os amigos ou com a família sobre o assunto.
O caso de Ana é fictício, mas essa história é a mesma de muitas pessoas que sofrem de transtorno alimentar e dismorfia corporal. Quem vive com dismorfia tem uma autoimagem distorcida do real e os transtornos alimentares surgem como consequência dessa insatisfação. Aquele que sofre de anorexia, por exemplo, não consegue se alimentar. Já a mulher ou o homem que tem bulimia consegue comer. No entanto, provoca vômitos e compensações alimentares.
A Jornalista Daiana Garbin é uma das milhares de pessoas que tem uma história de insatisfação com o corpo e problemas com a comida. No ano passado, após tirar uma licença do trabalho, começou a fazer terapia e descobriu que sofria de transtorno de imagem. “Desde a adolescência eu sabia que tinha uma relação difícil com a comida, mas não sabia que isso era um problema psicológico. Eu pensava que era louca e me sentia culpada por sofrer diante de uma mesa de comida, enquanto havia pessoas passando fome no mundo. Agora eu entendo que nunca foi frescura e que isso é um problema real, grave, que perturba a nossa vida”, conta.
Desde abril deste ano, a jornalista posta vídeos no seu canal do youtube chamado “Eu vejo”. Uma vez por semana, vídeos tratando de assuntos relacionados à dismorfia e transtornos alimentares são discutidos com a ajuda dos internautas e de especialistas na área. “Decidi fazer o canal quando descobri o que eu tinha e que sofrimento era esse que eu sentia. Eu pensei comigo que era preciso falar para as pessoas sobre o assunto e que elas precisam entender que não se trata de vaidade. É um problema grave que precisa de ajuda”, explica.
Em alguns casos, a dismorfia e os transtornos podem levar à depressão profunda, e até mesmo à morte. O tratamento consiste em um acompanhamento psicológico de longo prazo que ajuda a entender o problema antes de superá-lo. “Se você tem insatisfações, mas isso não afeta a sua vida, tudo bem. Todos nós temos alguma coisa que não gostamos. O problema é quando isso afeta a sua vida a ponto de você deixar de fazer ou abrir mão de determinadas coisas por isso. Nesse caso você precisa buscar ajuda”, alerta Daiana.
Famílias e amigos precisam ficar atentos aos sinais. Quanto antes o distúrbio ser identificado, melhor a chance de recuperação. Se a pessoa deixar de comer, ou comer mal, provocar vômito e fazer compensações alimentares (comer muito em um momento e passar o resto do dia sem comer), é recomendado que seja encaminhado para um psicólogo.
Daiana destaca que a principal mensagem dos vídeos produzidos por ela é aceitação. “A gente não precisa de um corpo diferente pra ser feliz. O que a gente precisa é mudar a nossa mente para que ela seja sadia. Precisamos enxergar as nossas qualidades e ver a beleza dentro de nós, sem tentar buscar uma perfeição que não existe. Estou tentando sentir isso no meu coração para ajudar outras pessoas”, revela.
A jornalista também conta que entre os relatos recebidos por e-mail, muitas pessoas magras e que odeiam o corpo também compartilharam seus problemas de insatisfação: “É uma prova de que a magreza não traz felicidade. E que não interessa o peso, se a gente não fizer as pazes com o nosso corpo, a gente continuar infeliz. A pessoa precisa amar o corpo, e aceitá-lo, tratando-o com carinho”.
O Ministério da Saúde preconiza a implantação de serviços de saúde estratégicos para o cuidado com a saúde mental, conhecidos como Centros de Atenção Psicossocial (CAPS). Esses centros contam com equipes formadas por vários profissionais, como médicos clínicos, psiquiatras, enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais, terapeutas ocupacionais e nutricionistas. A iniciativa promove o atendimento de pessoas com transtornos mentais leves, moderados e graves.

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