O publicitário Tiago Vieira, de 29 anos, se cadastrou no banco de doadores de medula óssea em 2005. Seis anos depois recebeu a ligação que mudou sua vida. “Estava no trabalho quando me ligaram perguntando se lembrava de ter me cadastrado no Redome e se ainda queria doar”, disse ele.
Tiago passou quase um ano fazendo exames até poder fazer a doação. Segundo ele, o procedimento foi tranquilo e ele faria outras vezes se fosse chamado. “Recebi uma anestesia geral na hora que a medula foi colhida e passei uma semana me recuperando. Depois disso, segui com a minha vida normalmente. Se encontrarem outra pessoa compatível comigo doarei novamente”, disse.
Tiago poderia não te recebido o telefonema e não teria se tornado doador caso o seu cadastro no Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome) estivesse desatualizado. Criado em 1993, o registro reúne as informações de pessoas que se dispõem a doar medula para o transplante, como nome, endereço, contato, resultados de exames e características genéticas das pessoas que se cadastram como doadoras.
Quando um paciente precisa do transplante e não há um doador aparentado, como pais, irmãos ou outros parentes próximos, busca-se no Redome um doador cadastrado que seja compatível. Se encontrado, articula-se a doação.
Como a chance de encontrar um doados compatível é de 1 em 100 mil pessoas, é ainda mais importante que os interessados em fazer a doação mantenham o cadastro atualizado. Para isso, basta atualizar o formulário na internet.
Para quem ainda não se cadastrou como doador mas tem interesse, é necessário procurar o Hemocentro mais próximo, onde será colhido apenas 5 ml do sangue e serão informados os dados pessoais. Para isso, é preciso:
” ter entre 18 e 55 anos de idade;
” estar em bom estado geral de saúde;
” não ter doença infecciosa transmissível pelo sangue.
O sangue será examinado por meio de testes de laboratório para identificar suas características genéticas. O resultado do exame e seus dados pessoais serão incluídos no Redome. As informações genéticas serão cruzadas com os dados dos pacientes e quando houver um paciente compatível, outros exames serão necessários. Se a compatibilidade for confirmada, você será consultado para decidir quanto à doação.
Doação – Existem duas formas de doar e a escolha do procedimento mais adequado é do médico. No primeiro caso, o doador é anestesiado em centro cirúrgico. A medula é retirada do interior dos ossos da bacia por meio de punções (pequenas aberturas). Os doadores retornam às suas atividades habituais uma semana após a doação. O segundo procedimento chama-se aférese. Nesse procedimento o doador toma um medicamento que permite a retirada das células da medula óssea pelas veias do braço. Nos dois casos, a medula óssea do doador se recompõe em apenas 15 dias.
O número de doadores voluntários tem aumentado expressivamente nos últimos anos. Em 2000, existiam apenas 12 mil inscritos. Naquele ano, dos transplantes de medula realizados, apenas 10% dos doadores eram brasileiros localizados no REDOME. Em novembro de 2014 havia 3,500 milhões de doadores inscritos e o percentual subiu para 70%. O Brasil tornou-se o terceiro maior banco de dados do gênero no mundo, ficando atrás apenas dos registros dos Estados Unidos (quase 7 milhões de doadores) e da Alemanha (quase 5 milhões de doadores).
Medula óssea – É um tecido líquido-gelatinoso que ocupa o interior dos ossos do corpo. Conhecida como a “fábrica do sangue”, a medula óssea é a responsável pela produção das hemácias (glóbulos vermelhos), leucócitos (glóbulos brancos) e plaquetas, componentes fundamentais para a saúde do sangue.
Os pacientes precisam do transplante de medula óssea para o tratamento de enfermidades ligadas ao sangue, como leucemia, linfomas e alguns tipos de anemia. As células sadias da medula óssea podem ser obtidas de um doador ou do sangue de cordão umbilical. O transplante é a substituição de células doentes de medula óssea por células saudáveis.