Médica psiquiatra assume a coordenação do Fumo Zero
O tema escolhido para o Dia Mundial Sem Tabaco pela Organização Mundial da Saúde (OMS), lembrado em 31 de maio, é a “Convenção-Quadro para Controle do Tabaco”. A convenção é o primeiro tratado negociado sob o consentimento da OMS e se destaca ao reafirmar o direito de todas as pessoas à saúde, ao fornecer novas dimensões jurídicas para a cooperação no controle do tabaco e por cobrar políticas eficazes para a redução do consumo.
Propomos à médica psiquiatra Gabriela Baldisserotto, que está assumindo a coordenação do Fumo Zero AMRIGS, falar um pouco sobre o tema, o controle do tabagismo entre os trabalhadores e jovens gaúchos. Ao longo de sua atuação como psiquiatra e na área de dependência química, Dra. Baldisserotto direcionou seu interesse para o tabagismo, campo em que é especialista e onde atua como clínica desde 1997.
Em 2003, a AMRIGS lançou o projeto para controle do tabagismo, denominado Fumo Zero AMRIGS, visando conhecer melhor o problema no nosso meio e desenvolver ações eficazes para a melhora dos conhecimentos e a sensibilização dos médicos e da população em geral em relação ao tema. Qual é o tamanho do desafio ao assumir a coordenação do programa”
O desafio é enorme, pois apesar dos inegáveis avanços alcançados nos últimos anos ainda há muitas frentes de atuação a serem contempladas, além da revisão e continuação das atividades já iniciadas. Nesse momento estou tomando pé da história e da situação atual do programa, e já começando a pensar nos rumos do Fumo Zero. Um deles, com certeza será uma aproximação maior com a comunidade e com o público interno da AMRIGS e outros profissionais da saúde e educação.
A Convenção-Quadro para Controle do Tabaco da OMS tem conseguido se impor em nosso estado, que possui uma forte tradição fumageira”
A Convenção –Quadro propõe inúmeras ações em diferentes áreas do controle do tabagismo, abrangendo a diminuição da oferta e da demanda de derivados do tabaco e a diminuição dos danos. Apesar da histórica participação brasileira e gaúcha na indústria fumageira existem avanços a serem comemorados. No Brasil inteiro houve diminuição na prevalência de tabagismo e de mortes relacionadas ao tabagismo entre 1989 e 2006 (prevalência geral caiu de 35 % para 16% no período).
Nosso estado acompanhou a queda, apesar de seguir tendo elevada prevalência, maior que a média brasileira. No entanto nos beneficiamos de medidas importantíssimas, como a proibição da propaganda, a presença das imagens de alerta nos maços, a proibição de termos como “light” e baixos teores e a proibição de fumar em locar fechado.
É inegável que aqui onde se produz 95% do tabaco brasileiro a resistência a leis estaduais e municipais de restrição ao uso de tabaco encontram grande resistência, nos diversos setores envolvidos nessa indústria, mas com certeza existem avanços locais significativos, que se não obtém resultados concretos, pelo menos permite uma discussão ampla de questões, tal como a dos fumódromos.
Com a proposta de redução do tabagismo e intenção futura da eliminação total desse problema de saúde pública, de que forma é possível sensibilizar trabalhadores para um engajamento em promoção de ambientes livres de cigarro em seus locais de trabalho”
Estudos mostram que intervenções em locais de trabalho direcionados a qualidade de vida dos funcionários, e não só visando o controle do tabaco, aliadas a uma sólida política de manter os ambientes completamente livres de tabaco são importantes e eficazes tanto na proteção do não fumante como para a motivação do fumante para parar de fumar. Facilitar acesso a tratamento dos fumantes também é uma maneira eficiente de motivar. O importante é que essas intervenções sejam contínuas, amplamente integradas ao funcionamento geral de cada empresa e que tenham apelo suficiente para engajar o trabalhador.
O Fumo Zero AMRIGS promove a defesa da saúde da população no RS e se preocupa muito com os jovens. Sempre que são feitas pesquisas específicas com esse grupo, uma triste realidade que se repete a cada estudo: o número de jovens gaúchos fumantes sempre é maior se comparado aos outros estados. É possível mapear os motivos que fazem nosso estado liderar as pesquisas”
Apesar do declínio da prevalência do tabagismo no Brasil nos últimos anos, nosso estado ainda “lidera” as estatísticas entre os adultos. Um dos fatores muito importantes na experimentação e eventual uso regular do tabaco é o acesso fácil em casa e o baixo preço do cigarro brasileiro. Assim, a presença de fumantes na família e a maior exposição ao tabaco aumenta a prevalência entre jovens. Os pais e outros adultos significativos são modelos e facilitam o acesso dos filhos ao cigarro. Numa família onde um ou mais adultos fumam, e isto é visto como aceitável fica muito complicado tentar limitar o uso do tabaco pelos jovens.
Sobre o Fumo Zero
O Fumo Zero é desenvolvido pelo Núcleo Técnico Científico da AMRIGS e conduzido por uma comissão técnica formada por pneumologistas, psiquiatra, psicólogos, pedagogos e conta com o apoio da CEVS – Centro Estadual de Vigilância em Saúde e pela SES – Secretaria Estadual da Saúde, entre outros.
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