Na semana que marca o Dia Mundial de Combate à Hanseníase, celebrado no último domingo de janeiro (29/1), pesquisadores do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) chamam atenção para novos e antigos desafios no enfrentamento da doença. Segundo país com maior número de casos no mundo, atrás apenas da Índia, o Brasil tem registrado queda progressiva nos índices do agravo. Mesmo assim, em 2015, foram notificados 28 mil novos casos: o número alto indica que a transmissão da doença continua ocorrendo de forma intensa. No mesmo ano, seis em cada cem pacientes só descobriram a infecção quando já apresentavam deformidades visíveis, afetando a função de olhos, mãos ou pés, o que aponta para o diagnóstico tardio. Considerando que o tratamento precoce é capaz de prevenir tanto as lesões irreversíveis da hanseníase quanto a transmissão do agravo, os pesquisadores do IOC/Fiocruz destacam que realizar o diagnóstico da infecção o mais cedo possível continua sendo a principal estratégia contra a doença. Ao mesmo tempo, é preciso agir em novos desafios, como o aumento da resistência da bactéria Mycobacterium leprae, causadora da enfermidade, aos medicamentos tradicionalmente utilizados na terapia.
Confira abaixo entrevista e reportagem do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz):
Em entrevista, o pesquisador Milton Ozório Moraes, chefe do Laboratório de Hanseníase do IOC, relata que estudos indicam que 8% dos casos de recidiva, quando a doença retorna após a conclusão do tratamento, se devem a bactérias resistentes. Segundo ele, é necessário monitorar o problema para evitar que a eficácia da terapia seja afetada.
Com base na análise de mais de 1,8 mil casos atendidos durante cinco anos, um novo estudo mostra como o Ambulatório Souza Araújo, que é referência no atendimento de pacientes com hanseníase, tem expandido seu papel no esclarecimento de casos suspeitos. O trabalho confirma ainda que, apesar dos avanços, a doença ainda é frequentemente diagnosticada de forma tardia.