Oitenta monumentos e edifícios do país – como o Cristo Redentor e o Pão de Açúcar, no Rio de Janeiro, e a Fonte da Torre de TV, em Brasília – foram iluminados com a cor azul, no último domingo (14), para marcar o Dia Mundial e Nacional do Diabetes. A iniciativa – cujo slogan deste ano é “Controle o diabetes já!” – quer chamar a atenção dos brasileiros para a importância dos cuidados – como o controle da alimentação e a prática de atividades físicas – que podem ajudar a prevenir e controlar o diabetes mellitus (tipo 2) e a controlar a doença, responsável por mais de 90% dos casos da doença e único tipo de diabetes que pode ser evitada.
Idealizado em 1991 pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pela Federação Internacional de Diabetes (IDF) como resposta ao aumento dos casos da doença no mundo, a data é considerada a maior mobilização social sobre o diabetes e faz parte do calendário oficial de saúde da ONU. No Brasil, segundo o Ministério da Saúde, 5,8% da população a partir dos 18 anos tem diabetes tipo 2, o equivalente a 7,6 milhões de pessoas.
O azul foi escolhido como cor símbolo da atividade deste ano porque, segundo a OMS e a IDF, representa “o céu que une todas as nações e a comunidade internacional do diabetes”. No Brasil, as secretarias estaduais e municipais de saúde, a Sociedade Brasileira de Diabetes e associações de portadores da doença organizam atividades locais, campanhas educativas e outras ações de mobilização social para lembrar a data.
Prevenção – Os principais fatores de risco para o desenvolvimento do tipo 2 da doença em adultos é o histórico familiar e a obesidade. Este tipo de diabetes geralmente acomete pessoas com mais de 40 anos de idade e crianças que nasceram com mais de quatro quilos. O diagnóstico pode ser feito com o exame da glicemia, oferecido gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
O controle do diabetes deve ser feito, principalmente, com mudança nos hábitos de vida: controle da alimentação e prática de atividades físicas. O tratamento também pode incluir medicamentos para controle da insulina (por via oral ou venosa).
A coordenadora da área técnica de Diabetes e Hipertensão do Ministério da Saúde, Rosa Sampaio, explica que, apesar da diabetes não ter cura, é possível controlar e conviver com a doença, evitando complicações. “O pior momento é o do diagnóstico do diabetes, uma doença totalmente administrável. O mais importante é o auto-cuidado, que deve ser orientado pelos profissionais de saúde, o que, muitas vezes, é mais importante que o uso de medicamentos”, explica.
Uma das estratégias do Brasil para a prevenção e o acompanhamento do diabetes entre a população é o trabalho desenvolvido pelas 31,5 mil equipes de Saúde da Família. Presentes em 99% dos municípios, elas conseguem identificar, tratar e acompanhar a evolução dos portadores de diabetes. Nos Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASFs), os pacientes podem ser acompanhados por nutricionistas, por exemplo.
“O diabetes deve ser tratado por uma equipe multidisciplinar e é justamente esse atendimento que a Estratégia Saúde da Família oferece. Na unidade de saúde, o médico dá o diagnóstico; mas, uma doença crônica, que exige adaptações nos hábitos de vida do paciente, precisa ser acompanhada por diferentes profissionais de saúde”, reforça Rosa Sampaio.
Tratamento – O SUS oferece, gratuitamente, diagnóstico do diabetes, acompanhamento dos pacientes e medicação nas unidades de saúde. As ações estão previstas no Programa Nacional de Hipertensão Arterial e Diabetes Melittus (Hiperdia), que também prevê a capacitação dos profissionais da rede pública, a atualização permanente de protocolos clínicos e a assistência farmacêutica aos doentes por meio da ofertas dos medicamentos orais essenciais e da Insulina Regular e Insulina NPH (também conhecida como “de absorção lenta”), além da distribuição de “fitas” e aparelhos para medir a glicemia.
As ações estabelecidas no Hiperdia começaram a ser implantadas em 2002 e foram ampliadas de forma expressiva nos últimos anos – principalmente a assistência farmacêutica e as capacitações profissionais. A aquisição de insulina em 2009, pelo Ministério da Saúde, chegou a 13,5 milhões de frascos – um investimento de R$ 44,28 milhões.
Por mês, o ministério encaminha aos Estados uma média de um milhão de frascos de insulina para a distribuição aos pacientes pelas secretarias municipais de saúde. Para ter acesso ao medicamento, os portadores da doença devem apresentar receita médica nas Unidades Básicas de Saúde ou ter cadastro junto à secretaria municipal de saúde.
A população também tem acesso gratuito aos medicamentos Metformina, Glibenclamida e Glicazida. Eles estão disponíveis na chamada farmácia básica, que abrange medicamentos para hipertensão, além de antibióticos e antiinflamatórios, entre outros. Portadores de diabetes também têm a opção de adquirir medicamentos com 90% de desconto por meio do programa Farmácia Popular, que oferece o Metformina (5 mg/comprimido) e o Glibenclamida (500 mg/comprimido e 850 mg/comprimido).
Vigitel/2009 – Vigilância de Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico
UF
|
Prevalência de Diabetes Melittus
|
Nº de Portadores de DM auto referido
|
AC
|
3,6
|
14.556
|
AM
|
3,9
|
79.779
|
AP
|
4,3
|
15.182
|
PA
|
3,9
|
179.899
|
RO
|
6,2
|
60.386
|
RR
|
3,6
|
8.937
|
TO
|
3,7
|
30.678
|
Região Norte
|
4,1
|
389.417
|
AL
|
5,9
|
115.009
|
BA
|
6,5
|
635.751
|
CE
|
5,0
|
280.534
|
MA
|
5,2
|
203.759
|
PB
|
5,7
|
145.475
|
PE
|
6,2
|
369.371
|
PI
|
4,9
|
100.210
|
RN
|
6,3
|
133.607
|
SE
|
5,2
|
68.275
|
Região Nordeste
|
5,8
|
2.051.993
|
DF
|
3,6
|
64.547
|
GO
|
5,2
|
213.907
|
MS
|
5,4
|
87.047
|
MT
|
4,9
|
98.767
|
Região Centro-Oeste
|
4,9
|
464.268
|
ES
|
5,0
|
122.427
|
MG
|
4,7
|
664.848
|
RJ
|
6,4
|
744.467
|
SP
|
6,9
|
2.065.490
|
Região Sudeste
|
6,2
|
3.597.233
|
PR
|
5,7
|
431.104
|
RS
|
5,8
|
463.621
|
SC
|
5,7
|
250.658
|
Região Sul
|
5,7
|
1.145.383
|
BRASIL
|
5,8
|
7.648.294
|
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