Novas diretrizes padronizarão procedimentos de terapia nutricional

Durante o XIX Congresso Brasileiro de Nutrição Parenteral e Enteral, que está sendo realizado em Curitiba, foi lançado o livro com as Diretrizes Brasileiras em Terapia Nutricional.

Entende-se por Terapia Nutricional (TN) o conjunto de procedimentos terapêuticos que visam a manutenção ou recuperação do estado nutricional por meio da Nutrição Parenteral (alimentação via venosa) ou Enteral (alimentação via sondas ou oral), realizados nos pacientes incapazes de satisfazer adequadamente suas necessidades nutricionais e metabólicas por via oral.

Conhecido como DITEN, o projeto multiprofissional contou com a participação de mais de 80 especialistas e demorou mais de dois anos para ser concluído. O DITEN tem como objetivo, com base em evidências científicas, de trabalhos nacionais e internacionais, padronizar os procedimentos em terapia nutricional que devem ser adotados em todos hospitais do Brasil.

“Nosso país é muito grande, temos mais de 430 mil leitos hospitalares e sem uma diretriz, cada equipe acaba adotando uma técnica, trabalhando de uma forma. Com o DITEN, que é baseado em evidências científicas, o grande beneficiado será o paciente, pois independente do hospital que ele estiver, estará recebendo a terapia nutricional correta para o seu restabelecimento”, destaca o presidente da SBNPE, Celso Cukier.

O livro DITEN – Diretrizes Brasileiras em Terapia Nutricional é composto por 40 capítulos, que englobam desde definições em terapia nutricional,  passando pelas indicações e pelo cuidado nutricional em várias situações clínicas específicas e finalizando com normatizações de preaparo e boas práticas em terapia nutricional.

Pacientes hospitalizados podem ter necessidades nutricionais especiais em função da desnutrição e dos desequilíbrios metabólicos impostos pelas doenças. A terapia nutricional, principalmente nos estágios críticos das enfermidades, deve ser administrada de modo seguro e eficaz.            

A terapia nutricional aplicada de forma correta é fator importante para a recuperação do paciente, diminuindo o risco de possíveis complicações e reduzindo o tempo de internação, impactando em economia para o hospital e para o Sistema Único de Saúde.

De acordo com estudos anteriores, a desnutrição hospitalar atinge cerca de 50% dos pacientes internados. Destes, mais de 70% desenvolvem complicações e, por causa disso, o valor do tratamento aumenta 60% em média. “A aplicação correta da terapia nutricional no paciente é de extrema importância para reduzir o tempo de internação e de possíveis complicações. Para cada R$1,00 investido em nutrição hospitalar, há uma economia de R$3,00 no tratamento do paciente”, diz Cukier.

Estima-se que 80% dos doentes em terapia intensiva morrem por infecção e a maioria tem a desnutrição como fator coadjuvante. Pesquisas apontam que, entre outros fatores, o desconhecimento dos profissionais de saúde sobre a relevância do tema se reflete nesses índices desanimadores.

Evidências clínicas mostram que 100% dos casos de desnutrição hospitalar poderiam ser atenuados e de 70% a 80%, revertidos ou neutralizados. Estudos clínicos mostram que os pacientes graves internados perdem, em média, 20 quilos e podem chegar à caquexia, o grau mais elevado de desnutrição. No entanto, a intervenção com dietas nutricionais específicas – seja oral ou por sonda – reduz o impacto da desnutrição. “Pacientes que recebem a alimentação adequada respondem melhor aos tratamentos que são submetidos. Isso traz benefícios para o paciente e também para o hospital”, conclui Cukier.

Na ocasião, foi realizado também o II Congresso Brasileiro de Gastronomia Hospitalar, a VII edição do Congresso Brasileiro de Nutrição Clínica e a primeira edição do Congresso Brasileiro de Terapia Nutricional.