Dados do Inca mostram que 3 em cada 10 casos de câncer estão associados a fatores ambientais como tabagismo, obesidade e exposição solar
Dados divulgados neste mês pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca) mostram que 3 em cada 10 casos da doença no Brasil estão associados a fatores ambientais como tabagismo, excesso de bebida alcoólica, sedentarismo, obesidade e exposição solar sem proteção. Mas acredito que esse número seja ainda maior: de 60% a 80% dos casos.
Estudos internacionais já indicam que fatores ambientais aumentam o risco de desenvolvimento de tumores de pulmão, mama, colo de útero, ovário, colorretal, boca, faringe, laringe, rim, bexiga, pâncreas, pele, melanoma, entre outros.
Início de hábitos prejudiciais
É na infância e na adolescência que hábitos prejudiciais à saúde começam. Por isso, é fundamental que ações de prevenção sejam feitas com foco nessa população. Sabemos que 90% dos fumantes começaram a fumar antes dos 19 anos de idade e mais de 50% dos etilistas começaram a beber também nessa faixa etária. Além disso, os números referentes a obesidade infantil são alarmantes.
A Organização Mundial de Saúde estima que mais de 41 milhões de crianças menores de cinco anos sejam obesas ou tenham sobrepeso em todo o mundo. Na faixa etária entre 5 a 19 anos, são 123 milhões de pessoas com excesso de peso, segundo a OMS.
Crianças saudáveis tornam-se adultos mais saudáveis. É importante que pais estejam conscientes que a dieta baseada em alimentos ultra processados, com excesso de sal e açúcar, é muito prejudicial para os seus filhos. O cuidado com a alimentação deve começar desde o nascimento com o aleitamento materno.
A dieta rica em frutas, legumes e vegetais deve ser mantida em todas as fases da vida. A alimentação adequada aliada à prática regular de atividade física traz benefícios para a saúde e previne não somente o câncer, mas diversas outras doenças.
O papel do HPV
Alguns tumores também estão associados à infecção por subtipos do vírus HPV. Este vírus é transmitido sobretudo pela relação sexual. O uso de preservativo e a vacina contra o HPV, que está disponível na rede pública para meninas e meninos, evitam a infecção por este vírus e, consequentemente, diminuem o risco de desenvolvimento de câncer de colo de útero, orofaringe, pênis e ânus.
Novos casos de câncer
O Inca estima que neste ano ocorram 582.000 novos casos de câncer. O de maior incidência será o de pele não melanoma, com 165.580 novos casos. E esse número poderia ser bem menor se a prevenção com o uso do protetor solar fosse feita com regularidade pela população. As queimaduras solares ocorridas durante a infância e adolescência também aumentam o risco de melanoma, o tipo mais grave de câncer de pele. Por isso, a proteção deve ser adotada desde cedo.
Os dados do Inca ainda mostram que o câncer de maior incidência nas mulheres, excetuando os casos de câncer de pele não melanoma, será o de mama (59.700), e nos homens será o de próstata (68.220). Assim como qualquer tumor, estes quando diagnosticados precocemente têm mais chances de cura. E para isso a população precisa ter um melhor acesso na rede pública a consultas médicas e aos exames de rastreamento. Do mesmo modo, programas de informação e educação de continuada de pais e filhos será fundamental para evitar os tumores.