Apesar de já termos caminhado bastante nesses quase 20 anos de campanha do Novembro Azul, percebemos que ainda há um bom caminho a ser trilhado. Enquanto o Outubro Rosa já comemora um significativo engajamento e simpatia espontâneos por parte da população, empresas e instituições, o Novembro Azul ainda precisa ser bastante relembrado, prospectado e requerido. Esse é um trabalho contínuo que a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) continua realizando, tanto regional quanto nacionalmente, e que queremos reforçar mais uma vez neste ano, juntamente com a Associação Médica do Rio Grande do Sul (AMRIGS).
Um dos maiores desafios que percebemos nesses anos é a carência de uma cultura masculina de cuidados com a saúde. Também ainda existe muito presente a incorporação do mito do super herói, em que o homem não pode demonstrar fragilidade – e a doença ou a preocupação com a saúde são frequentemente interpretadas como sinal de fraqueza. Outros fatores que também contribuem são o medo (e daí vem o tal de “quem procura, acha”), a vergonha, e ainda a logística e estrutura da saúde do homem, que precisa ser melhorada, sobretudo no sistema público, a exemplo do que já é feito pela saúde da mulher.
Como estamos em plena campanha do Novembro Azul, nunca é demais trazer alguns pontos importantes com relação à saúde do homem, especialmente da próstata.
Dentre as causas que abreviam a saúde do homem, no topo estão as cardiovasculares, que são o AVC e o infarto agudo do miocárdio. Segundo, vem as neoplasias, e, dentre elas, a de próstata é a mais frequente – depois da de pele não-melanoma – e a segunda que mais mata – atrás somente da de pulmão. Quando levamos em consideração que o homem ainda vive em média 7,5 anos menos do que a mulher, e que muitas dessas causas são evitáveis, daí percebemos a importância de uma conscientização.
Por isso, nós, urologistas, sempre continuamos insistindo para que os homens busquem esse cuidado, pois quando da avaliação, também outros aspectos da saúde global e urológica serão avaliados. Quanto à próstata, por exemplo, não somente o câncer, mas as outras doenças são investigadas, que são a hiperplasia prostática benigna (HPB), ou crescimento benigno da próstata, e a prostatite crônica, que é a infecção do órgão. Para cada uma há um tipo de exame, que inclui desde um questionário de sintomas, até os laboratoriais e de imagem. No caso do câncer de próstata, os dois exames iniciais mais importantes são o PSA, que é o de sangue, e o toque retal, e cada um avalia um aspecto diferente e se complementam. Se algum desses exames se mostrar alterado, outros podem ser necessários.
Também ficar atento aos fatores de risco é um cuidado essencial e importante mesmo que, em muitos casos, o câncer possa surgir sem que haja um fator identificável, por isso todos devem se cuidar.
Havendo fatores de risco, as chances de apresentar a doença aumentam, e os principais são:
– Idade: é um câncer raro antes dos 40 anos. A incidência aumenta com o envelhecimento.
– Hereditariedade: ter familiares de primeiro grau, pai, irmão, por exemplo.
– Raça negra: estudos mostram uma maior incidência e gravidade da doença.
– Obesidade: aparentemente pode levar a formas mais agressivas.
Outro exame que é simples e que pode oferecer dados importantes é o de urina e é de grande auxílio no diagnóstico de doenças que acometem o trato urinário. Pode detectar alterações como a presença de sangue, mesmo que microscópico (não visível a olho nu), glóbulos brancos e bactérias que podem indicar infecções, e outros elementos, como o pH, cristais, proteína, e a densidade, que pode inferir se a ingestão de líquidos está muito baixa, ou se há algum problema de função renal, por exemplo.
Exemplificando, a presença de sangue na urina, ainda que não visível a olho nu, pode ter vários significados, desde pequenos problemas na filtração da urina pelos rins, passando por cálculos urinários até tumores.
Sobre quando se recomenda que os homens iniciem seu acompanhamento, todo o mês de setembro, há cinco anos, temos trabalhado na campanha #vemprouro, destinada aos adolescentes masculinos, para que, após a fase da pediatria, também procurem manter uma rotina de cuidados com um urologista ou mesmo com um hebiatra – médico do adolescente – ou qualquer médico generalista, a exemplo do que já fazem as mulheres frequentando o ginecologista desde cedo, pois acreditamos que isso vai impactar na sua conscientização e na sua saúde mais adiante. Com relação à próstata, se recomenda, de forma geral, que os homens façam a avaliação independentemente de terem sintomas. Se não têm fatores de risco, pelo menos aos 50 anos. E, se têm, pelo menos aos 45. E se quiserem fazer ainda melhor, que realizem uma consulta até antes dos 40 anos, pois muitas doenças são silenciosas e os riscos individuais podem ser melhor avaliados, encaminhados e tratados.
Mas, de uma forma geral, o homem deve fazer exames pelo menos uma vez anualmente.
Como mensagem deste Novembro Azul, a SBU traz o lema “Saúde também é papo de homem”. Ou seja, você que é homem, converse e se informe sobre a sua saúde. Fique sempre alerta e faça um acompanhamento médico regularmente. Cuidar-se é um ato de amor para consigo mesmo e para com todos que dependem e que gostam de você. E é também esse autocuidado que vai proporcionar uma vida mais longa, saudável e feliz.
Karin Marise Jaeger Anzolch
Presidente da Sociedade Brasileira de Urologia – Secção RS
Inscreva-se no formulário ao lado e receba novidades sobre eventos, notícias e muito mais!
Telefone: (51) 3014-2001
E-mail: amrigs@amrigs.org.br
Av. Ipiranga, 5311 - Porto Alegre/RS
CEP: 90610-001
©2024 - AMRIGS - Associação Médica do Rio Grande do Sul. Todos os direitos reservados.