Associação Médica do Rio Grande do Sul, juntamente com a Sociedade de Cirurgia Geral do Rio Grande do Sul, faz o alerta para que o assunto ganhe destaque e relevância junto à população
“O desconhecimento sobre o processo de doação é uma das barreiras mais comuns e a conscientização e a informação são a chave para reduzir mortes à espera de transplantes”, afirma o presidente da AMRIGS, Dr. Gerson Junqueira Jr.
Para o presidente da Sociedade de Cirurgia Geral do Rio Grande do Sul, Dr. Oscar Eduardo Luz Carvalho Leite, ainda existem muitos obstáculos no processo de doação e transplante de órgãos.
“Vem desde a educação médica nas universidades, uma vez que raras são as escolas de Medicina que ensinam ou tem uma cadeira específica sobre o assunto, o que dificulta tanto na conscientização da população pelos profissionais quanto na identificação de possíveis doadores.
Passa também pela falta de estrutura que observamos em diversos hospitais de todo o Brasil, e sabemos que tanto a identificação quanto a manutenção de possíveis doadores necessitam de estrutura física e humana diferenciadas”, disse.
Outra questão importante lembrada pelo médico está na decisão da família. A morte encefálica é muitas vezes um evento traumático, por arma de fogo, acidente de trânsito ou mesmo acidente vascular encefálico, o que deixa as famílias muito sensíveis. A entrevista e o tipo de abordagem à família são fatores importantíssimos para a opção da doação dos órgãos daquele ente querido. Essa opção também vai depender dos preconceitos e consciência social já existentes em cada família, do atendimento e da relação médico-paciente durante a internação, e também da técnica e habilidade dos entrevistadores.
O médico nefrologista, Dr. Japão Dröse Pereira, reforça, ainda, que a decisão da população sobre a doação ou não dos órgãos é cercada de muitos mitos e tabus.
“A corrupção das instituições do país contamina o pensamento de que as doações devam ocorrer para pessoas com maior poder aquisitivo e poderosos. Mas o que muitos não sabem, é que os transplantes no Brasil são regulados 100% pelo SUS e que ocorre um rigoroso processo de seleção de cada receptor, independente da sua classe social. Ainda são famosos mitos sobre roubo de órgãos, são quase como uma lenda urbana”, disse.
A Declaração de Istambul de 2008 foi um pacto que resultou da reunião de 150 representantes de entidades científicas e médicas do mundo todo a fim de estabelecer diversas barreiras à comercialização ilegal e tráfico de órgaos e tecidos, sendo muito improvável a ocorrência dessa prática em países democráticos. Por fim, muitas pessoas ainda usam a religião como empecilho para a doação. Entretanto, a quase totalidade das mais conhecidas religiões do país apoia a doação de órgãos.
Fonte: Marcelo Matusiak
Foto: Freepik
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