Por que é tão importante comunicar aos familiares a vontade de ser doador de órgãos?

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Por que é tão importante comunicar aos familiares a vontade de ser doador de órgãos?

Associação Médica do Rio Grande do Sul, juntamente com a Sociedade de Cirurgia Geral do Rio Grande do Sul, faz o alerta para que o assunto ganhe destaque e relevância junto à população

No Brasil, a decisão sobre a doação ou não de órgãos e tecidos de uma pessoa falecida é dos familiares de até segundo grau e cônjuges maiores de 18 anos. A orientação é deixar expressa a vontade para os seus familiares. A tentativa de registrar em documento de identidade a decisão de ser doador foi frustrada no Brasil, uma vez que, por não haver uma educação continuada sobre o assunto e ainda existirem muitos mitos sobre roubo e tráfico de órgãos.

“O desconhecimento sobre o processo de doação é uma das barreiras mais comuns e a conscientização e a informação são a chave para reduzir mortes à espera de transplantes”, afirma o presidente da AMRIGS, Dr. Gerson Junqueira Jr.

Para o presidente da Sociedade de Cirurgia Geral do Rio Grande do Sul, Dr. Oscar Eduardo Luz Carvalho Leite, ainda existem muitos obstáculos no processo de doação e transplante de órgãos.

“Vem desde a educação médica nas universidades, uma vez que raras são as escolas de Medicina que ensinam ou tem uma cadeira específica sobre o assunto, o que dificulta tanto na conscientização da população pelos profissionais quanto na identificação de possíveis doadores.

Passa também pela falta de estrutura que observamos em diversos hospitais de todo o Brasil, e sabemos que tanto a identificação quanto a manutenção de possíveis doadores necessitam de estrutura física e humana diferenciadas”, disse.

Outra questão importante lembrada pelo médico está na decisão da família. A morte encefálica é muitas vezes um evento traumático, por arma de fogo, acidente de trânsito ou mesmo acidente vascular encefálico, o que deixa as famílias muito sensíveis. A entrevista e o tipo de abordagem à família são fatores importantíssimos para a opção da doação dos órgãos daquele ente querido. Essa opção também vai depender dos preconceitos e consciência social já existentes em cada família, do atendimento e da relação médico-paciente durante a internação, e também da técnica e habilidade dos entrevistadores.

O médico nefrologista, Dr. Japão Dröse Pereira, reforça, ainda, que a decisão da população sobre a doação ou não dos órgãos é cercada de muitos mitos e tabus.

“A corrupção das instituições do país contamina o pensamento de que as doações devam ocorrer para pessoas com maior poder aquisitivo e poderosos. Mas o que muitos não sabem, é que os transplantes no Brasil são regulados 100% pelo SUS e que ocorre um rigoroso processo de seleção de cada receptor, independente da sua classe social. Ainda são famosos mitos sobre roubo de órgãos, são quase como uma lenda urbana”, disse.

A Declaração de Istambul de 2008 foi um pacto que resultou da reunião de 150 representantes de entidades científicas e médicas do mundo todo a fim de estabelecer diversas barreiras à comercialização ilegal e tráfico de órgaos e tecidos, sendo muito improvável a ocorrência dessa prática em países democráticos. Por fim, muitas pessoas ainda usam a religião como empecilho para a doação. Entretanto, a quase totalidade das mais conhecidas religiões do país apoia a doação de órgãos.

Fonte: Marcelo Matusiak

Foto: Freepik

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