Presidente da CEREM-RS, Tânia Resener, abordou situações que preocupam o futuro da especialização médica em reunião do Conselho de Representantes da AMRIGS
O atual momento vivido pela Residência Médica no país é alvo de constante monitoramento da Associação Médica do Rio Grande do Sul – AMRIGS. A entidade age em favor dos médicos residentes, buscando melhorar o ensino que lhes é ofertado e aprimorando, assim, o atendimento à população.
Na reunião de novembro do Conselho de Representantes da AMRIGS, a presidente da Comissão Estadual de Residência Médica do Rio Grande do Sul (CEREM-RS) e coordenadora de Residência Médica do Hospital Universitário de Santa Maria, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Tânia Resener, destacou que, dos 30 mil médicos residentes atuantes no Brasil, atualmente, o Rio Grande do Sul conta com 2.165, distribuídos em 52 instituições de saúde de 20 municípios gaúchos. Segundo a especialista, um fator que gera preocupação para a RM brasileira é a Lei 12.871, que criou o Programa Mais Médicos, em 2013, e que impacta na formação médica no país e traz dificuldades de equacionamento das suas repercussões.
Tânia Resener falou sobre a Residência Médica na reunião do CR da
AMRIGS (César Moraes)
– Há uma enorme distância entre a Lei e a realidade. Primeiro, são preocupantes as perspectivas com a maneira como é imposta a titulação de Medicina Geral de Família e Comunidade como pré-requisito para a participação na maioria dos Programas de Residência Médica. Segundo, o prazo estabelecido pelo governo, de oferecer vagas para residência médica no mesmo número de egressos em cursos de medicina, parece inviável. É preciso uma definição de como isto será possível até o final de 2018, uma vez que não temos uma atenção básica preparada para receber todos esses médicos residentes. Há o temor de que o previsto na lei do Programa Mais Médicos possa ter expectativa reversa ao pretendido, inclusive com fuga dos médicos recém-formados da Residência Médica – afirmou Tânia Resener.
Outro ponto que a médica ressaltou foi o projeto da Secretaria de Educação Superior (SESu), apresentado e aprovado em sessão plenária da Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM). A medida propõe a reconstrução das especialidades básicas da medicina brasileira, instituindo para obstetrícia e ginecologia, clínica médica, cirurgia geral e pediatria o tempo de formação de três anos, dos quais 30% da carga horária deverá ser desenvolvida em ações básicas da saúde.
– Para ser implementado, o projeto vai exigir modificações na Lei 12.871, possivelmente em seu artigo 7o, tirando a obrigatoriedade do cumprimento de um ano de RM em Medicina Geral de Família e Comunidade para os egressos da graduação que pretendem se especializar em algumas destas áreas básicas – lembrou a médica.
Especialista destacou a preocupação com o futuro da RM brasileira
(César Moraes)
A coordenadora de Residência Médica do Hospital Universitário de Santa Maria ainda comentou que as normas do processo de seleção para RM, foram atualizadas pela Resolução CNRM Nº 02/2015. A legislação determina que a avaliação escrita é obrigatória e, no Rio Grande do Sul, a quase totalidade das instituições que disponibilizam a Residência Médica utiliza o Exame AMRIGS.
Para as especialidades que possuem acesso direto, ou seja, sem a necessidade de algum pré-requisito, a prova, obrigatoriamente, deve ser composta com igual número de questões das áreas básicas da Medicina. Para as especialidades com pré-requisito e áreas de atuação, o processo seletivo é baseado, obrigatoriamente e exclusivamente, nas especialidades pré-requisito.