A Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP recebeu, nos dias 28 e 29 de abril, seus parceiros, o inglês Daniel Altmann, do Departamento de Medicina do Imperial College (Reino Unido), e o norte-americano William Kwok, do Instituto de Pesquisa Benaroya (Seattle, Estados Unidos) para o início do desenvolvimento de uma vacina contra o zika vírus. O projeto inicial investirá no mapeamento da resposta imunológica que, até o momento, continua desconhecida pela ciência.
Os três centros de pesquisa concentrarão esforços para entender o que leva algumas pessoas infectadas com o zika vírus a serem mais resistentes enquanto outra parcela de infectados é mais suscetível, desenvolvendo graves sintomas. O professor do Departamento de Bioquímica e Imunologia, João Santana da Silva, da FMRP, coordenador do projeto no Brasil, comenta que entendendo como ocorre esse controle, essa resposta imune, pode-se “intervir de forma a controlar a resposta da população mais suscetível ao vírus e fazer com que essas pessoas fiquem resistentes, chegando-se assim a uma vacina.”
Apesar de acreditar que a resposta imune de nosso organismo ao zika vírus seja completamente diferente da resposta à dengue, Santana da Silva diz que a experiência que já possuem com a dengue deve tornar mais rápida a construção de uma vacina contra o zika.
Pesquisa Básica
O professor adianta que existe grande quantidade de testes clínicos em andamento ou já realizados com a vacina da dengue, inclusive no Instituto Butantan, e que, dentro de um ano, essa vacina (dengue) deverá estar pronta. Ele afirma que a pesquisa que realizam hoje é básica. Mas é preciso saber como é realizada “a resposta imune dessas pessoas para entender como é a doença e a proteção para fazer a vacina.”
O professor saiu em defesa das autoridades sanitárias brasileiras e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), pelas rápidas ações para o controle dessa doença que oferece graves riscos ao sistema neurológico dos infectados como a Síndrome de Guillain-Barré e microcefalia. Para o projeto internacional que iniciam agora, só o lado brasileiro recebeu da Fapesp R$ 250 mil.
Santana da Silva diz que estão alertas para a gravidade do problema e que “não estão parados”. Existem várias linhas de ação, tanto em pesquisas para entender a doença, como para prevenir a microcefalia e também para a produção de vacinas.