Um estudo divulgado em julho pelo Ministério da Saúde mostra que 18,9% da população brasileira está acima do peso e a má alimentação é uma das causas desse quadro, que pode provocar outras complicações, como hipertensão e diabetes.
Estar atento, principalmente, à quantidade de sódio e açúcares presentes nos alimentos industrializados é uma forma de garantir uma alimentação mais saudável. Para isso, é preciso saber interpretar as informações nos rótulos dos produtos e identificar os mais nutritivos e com menor adição desses componentes.
Pesquisadora da Universidade de Brasília (UnB), a nutricionista Fabiana Nalon explica que “é muito importante observar a lista de ingredientes. O primeiro ingrediente é sempre aquele que vem em maior quantidade”. Isso para verificar a composição real dos alimentos e evitar os que privilegiam açúcares, extrato de glicose e sal na receita.
“Vale a pena comparar o total de carboidratos nos alimentos de categoria doce. Nos salgados, é interessante observar a gordura e o sódio. O ideal é sempre buscar o que tem menos sódio e gordura”, ressaltou.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que o consumo de sal para adultos seja de até cinco gramas de sal e de quase 50 gramas por dia no caso dos açúcares. No entanto, um estudo do Ministério da Saúde mostra que 70% dos brasileiros estão extrapolando esses limites e consomem cerca de 12 gramas de sal, mais do que o dobro do recomendado.
A especialista ainda destaca que os alimentos processados (receberam sal e açúcar para durar mais) e ultraprocessados (refeições prontas, feitas de extratos dos produtos naturais), devem ser evitados pela alta concentração de conservantes.
“(O ideal é) fugir dos industrializados e aumentar o consumo dos alimentos no seu estado natural. O industrializado precisa ter um prazo de validade que permita a embalagem, o tempo de prateleira. O sódio é um conservante e o açúcar é o aditivo de sabor e textura. O industrializado tem que ter esses aditivos para ter um sabor agradável e um tempo de prateleira prolongado que o alimento in natura não precisa ter”, ponderou.
Acordo com Indústrias de Alimentação
Com o intuito de reduzir os riscos à saúde pelo excesso de sódio nos alimentos, desde 2011, o Ministério da Saúde retirou 14.893 toneladas desse nutriente dos produtos industrializados a partir de um acordo com a Associação de Indústrias de Alimentação (Abia). Assim, a adição de sódio a itens como margarinas, temperos e cerais tiveram queda de até 16%. A previsão é de que, até o ano que vem, um acordo semelhante seja firmado para reduzir a contração de açúcares.
Os esforços para promover uma alimentação mais saudável visam ainda controlar e diminuir os índices de diabetes e hipertensão, esta última responsável por 66% dos casos de AVC e metade dos de infarto no País. Segundo o ministério, 24,9% da população é hipertensa e 7,4% dos adultos são diabéticos
Medidas de incentivo
O Ministério da Saúde ainda estabeleceu uma série de medidas na tentativa de melhorar os hábitos alimentares dos brasileiros.
– Política Nacional de Alimentação e Nutrição (Pnan): o documento foi lançado em 1999 e reformulado em 2011 e estabelece nove diretrizes gerais para guiar as ações do Ministério da Saúde. O Pnan tem como foco a segurança alimentar de famílias e da comunidade, de modo a suprir falta de nutrientes além de estimular a alimentação saudável.
– Guia Alimentar da População Brasileira: traz informações acerca de valores nutricionais, além de indicar quais as proporções ideais devem ser ingeridas diariamente e sugere combinações mais saudáveis para as refeições. A publicação ainda enumera dez passos para que os cidadãos tenham uma dieta balanceada, como evitar alimentos ultraprocessados, dar preferência a alimentos frescos e reduzir o consumo de sal e açúcares.