Surto de pólio na Venezuela exige atenção redobrada no Brasil, alerta Sociedade Brasileira de Pediatria

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Surto de pólio na Venezuela exige atenção redobrada no Brasil, alerta Sociedade Brasileira de Pediatria

A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) divulgou nesta quarta-feira (13) uma nota pública destinada aos médicos, à população e ao Governo com um alerta para a necessidade de atenção redobrada diante da detecção de um surto de pólio, na Venezuela. No documento, a entidade, por meio do Departamento Científico de Imunizações, orienta os pediatras a “estarem atentos aos possíveis casos de paralisia flácida aguda e para a importância de sua adequada investigação”.
A preocupação cresce pelo aumento do fluxo de refugiados pelas fronteiras brasileiras, em especial nos Estados do Norte. Para a presidente da SBP, Luciana Rodrigues Silva, essa é uma situação que deve ser acompanhada de perto pelas autoridades, evitando-se o pânico, mas garantindo-se a adoção de medidas eficazes para proteger a população brasileira.
“A poliomielite é uma doença que deixou lembranças dolorosas. Foi corrente no Brasil e, graças ao esforço conjunto de todos, com participação ativa dos pediatras, foi erradicada. Por isso, é preciso estar atentos, vigilantes, para que ameaças externas não comprometam o bem-estar do nosso povo”, destacou, ao pedir empenho dos pediatras na orientação aos pais sobre a relevância de manter as cadernetas de vacinação em dia e ainda comunicarem casos suspeitos para investigação.
Cobertura vacinal – No texto divulgado, também é defendido a importância de se reforçar a “manutenção de elevadas e homogêneas coberturas vacinais para poliomielite em nosso País (acima de 95%)”, com o intuito de mantê-lo livre da pólio até que a erradicação global seja alcançada. O alerta decorre da divulgação pela Sociedade Venezuelana de Saúde Pública, em 7 de junho, da existência de casos de paralisia flácida aguda (PFA) identificados no Estado de Delta Amacuro, na comunidade La Playita del Volcán, Parroquia Juan Millán, município Tucupita, cujos habitantes pertencem à etnia indígena Warao.
O primeiro caso ocorreu em uma criança de 2 anos e 10 meses de idade, sem antecedentes de nenhuma vacinação prévia, que após desenvolver o quadro de PFA, foi identificado poliovírus vacinal tipo 3. Após a confirmação deste caso, a vigilância epidemiológica encontrou mais algumas ocorrências de PFA, de recente aparição, também em crianças, em uma comunidade vizinha, que continuam sob investigação.
Precárias – De acordo com presidente do DC de Imunologia, Renato Kfouri, se trata de uma região extremamente pobre, com condições de vida precárias e com altas taxas de desnutrição e verminose, caracterizada por baixas coberturas vacinais, e que também vivencia, desde 2016, aumento de casos de difteria, sarampo, malária e tuberculose.
A SBP ressalta que a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Organização Pan-americana de Saúde (OPAS), em 8 de junho, publicaram documento em que reiteram a importância de se obter e manter coberturas vacinais homogêneas para pólio superiores a 95%, e a necessidade de uma vigilância epidemiológica de alta qualidade para detecção de PFA, além de atualizar os planos nacionais de respostas a surtos de poliovírus.
Neste processo, o documento da SBP informa que a notificação das paralisias flácidas agudas é uma ação de grande importância em saúde pública no contexto da iniciativa global de sua erradicação. “Ela aumenta a confiança no controle da poliomielite em países que não relataram casos confirmados e que têm ausência de circulação do poliovírus selvagem, como o Brasil”.

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