A partir de 2017, o Ministério da Saúde (MS) irá incorporar o dolutegravir ao SUS, considerado o mais moderno tratamento da atualidade
Desde 1996, o Brasil distribui tratamento antirretroviral para quem vive com HIV. Esses medicamentos ajudam a melhorar a qualidade de vida dos pacientes, além de evitar que o sistema imunológico fique enfraquecido. É por isso que o acompanhamento médico é tão importante.
Segundo dados do Departamento de IST, Aids e Hepatites Virais, em 2015, aproximadamente 455 mil pessoas estavam usando os remédios ofertados pelo SUS para tratar a doença. Uma delas é Maria de Fátima Silva, de 43 anos. Ela contraiu o vírus do marido e só descobriu que estava infectada quando a filha caçula foi diagnosticada como positiva para HIV, com apenas 10 meses de vida. Ambas começaram o tratamento pela rede pública, e, desde então, permanecem sendo atendidas e tratadas no Hospital Dia, no Distrito Federal.
Por existir uma grande quantidade de medicamentos, de diferentes grupos, usados de maneira combinada, a medicação varia de pessoa para pessoa. Um acompanhamento multidisciplinar é essencial para avaliar a resposta ao tratamento, efeitos colaterais e progresso do paciente em relação à adesão ao medicamento.
Maria de Fátima conta que ao longo dos 14 anos vivendo com HIV e em tratamento pelo SUS, mudou várias vezes de medicação. “Eu passei por vários coquetéis (nome dado para o conjunto de medicamentos indicados ao paciente HIV+) para chegar ao de hoje. Estou bem, graças à Deus. Tem seis anos já que eu tomo esse sem trocar”. Mas antes de se adaptar, as dificuldades eram enormes. “Eu tinha reação. Dava vômito, diarreia e tontura”, lembra.
Entretanto, apesar das dificuldades, ela não desistiu do tratamento, e hoje está viva para ver o crescimento da filha e da neta, que nasceu há 25 dias. “Se não houvesse acompanhamento, muita gente já teria morrido. Faz muita diferença, principalmente na minha vida e da minha filha. Agradeço ao SUS que nunca deixou faltar a nossa medicação em 14 anos”, enfatiza.
Além disso, a paciente também destaca o apoio dos profissionais de saúde do Hospital em que faz acompanhamento. “Desde que descobri a sorologia eu me trato aqui no hospital e pelo SUS. Fui muito bem recebida. A medicação, atendimento e acolhimento são muito bons. Nunca quero sair daqui”.
Adesão é essencial para sucesso do tratamento
Ter acesso aos medicamentos não é suficiente para ter um tratamento bem sucedido. É preciso que o paciente realize o esquema de maneira correta, nos horários certos e com hábitos de vida saudáveis. Além disso, comparecer ao médico nas consultas agendadas e realizar os exames de rotina também são importantes.
Você pode, por exemplo, carregar um porta-pílula com a medicação com a dose diária, ou programar um alarme para evitar o esquecimento no horário exato de tomar. Se as recomendações não forem seguidas a risca, há o risco de o vírus ficar resistente aos antirretrovirais.
Maria de Fátima Silva toma a medicação duas vezes ao dia: uma às 9h e outra às 20h, e há dois anos está indetectável. “Antigamente eu ficava internada, e dava muita baixa. Hoje não. A minha última internação foi há quatro anos. Atualmente, não tenho mais nada, nada”, explica.
Estar indetectável significa que a carga viral de HIV no sangue está tão baixa, a ponto de não ser detectada e o risco de transmissão ficar reduzido em até 96%.
Novo medicamento
A partir do ano que vem, o Ministério da Saúde (MS) irá incorporar uma nova medicação antirretroviral ao SUS, considerado o mais moderno tratamento da atualidade. O dolutegravir será entregue a todos os pacientes que estão começando o tratamento, e aos que apresentam algum tipo de resistência aos medicamentos antigos.