Culinária como ferramenta de afeto e aprendizado no Instituto Vida Solidária

Oficinas conduzidas por voluntária ensinam alimentação saudável, criatividade e valores às crianças atendidas pelo IVS

O sabor, o aprendizado e a alegria têm sido ingredientes constantes nas terças-feiras do Instituto Vida Solidária (IVS). Desde a metade de setembro, a organização realiza aulas de gastronomia para as crianças, uma vez por semana, conduzidas pela voluntária Sandra Vergínia Soares de Vargas, professora de gastronomia africana e brasileira. Com entusiasmo e dedicação, ela transforma a culinária em um instrumento de conhecimento, convivência e encantamento.

“O que me motiva é a felicidade deles, a alegria de ver o que fizeram e poder comer. A culinária traz esse encantamento, porque ensina e educa ao mesmo tempo”, afirmou.

As oficinas vão muito além de preparar alimentos. Para Sandra, o espaço da cozinha é também uma sala de aula sobre valores e responsabilidade.

“A culinária orienta as crianças para uma alimentação saudável e para a vida. Através de uma receita, elas aprendem que tudo tem uma medida certa e que errar faz parte do processo. A criança que persiste, que quer aprender, vai acertar”, disse.

Durante as aulas, as crianças participam ativamente de todas as etapas de preparo — ainda sem o uso do fogo, por conta da idade. As receitas incluem desde lanches simples até oficinas especiais, como a de pão caseiro e o tradicional pão de Santo Antônio.

“Eles modelam o pão, prestam atenção, perguntam, têm curiosidade. Alguns já vêm com ideias de casa, como passar um pouquinho de café para dar brilho na massa. É lindo ver essa troca e perceber o quanto isso engrandece o aprendizado”, completou.

Entre os pequenos participantes, a empolgação é evidente. Maria Antonielly, de 10 anos, conta que aguarda com ansiedade cada terça-feira de aula.

“Eu sempre amo essa atividade! A gente aprende um monte de coisa e faz receitas muito boas. O que eu mais gostei até agora foi o pão caseiro, porque a gente mesmo fez a massa e depois comeu quentinho”, disse, sorrindo.

O educador social do IVS, Christian Jallas, destaca que a proposta tem gerado um impacto positivo não apenas nas crianças, mas também nas famílias.

“Deu para ver um olhar diferente deles, de aprender coisas que veem em casa, que a mãe faz. Com a chegada da nova voluntária, eles se sentem motivados a repetir com os pais o que aprendem aqui. Chegam em casa dizendo: ‘Mãe, eu fiz isso. Vamos fazer juntos?’. Isso cria um vínculo bonito entre o que é aprendido no IVS e o que é vivido em família”, explicou.

Segundo ele, o retorno tem sido muito gratificante.

“Eles ficam felizes, mandam feedbacks para os pais e contam o que fizeram. Alguns levam para casa o que sobra e dizem que a mãe adorou. Uma menina contou que a mãe gostou tanto do pão, que passou a fazer todo dia para o café. É algo que mostra o quanto estão felizes e o quanto essa experiência os envolve”.

Para o Dia das Crianças, celebrado no início de outubro, Sandra preparou uma atividade especial: uma decoração de festa feita pelos próprios alunos. As turmas estão aprendendo a confeccionar enfeites com materiais reciclados, como papéis coloridos e cascas de bala, estimulando a criatividade e o reaproveitamento.

“Eu digo para eles que cada pedacinho colorido tem um significado — é energia boa, alegria, vontade de viver. O brilho das cores traz essa energia que a gente quer colocar na comida também”, explicou.

A iniciativa do Instituto Vida Solidária e da voluntária Sandra demonstra como a culinária pode transformar realidades, promovendo aprendizado e fortalecendo vínculos familiares por meio de experiências simples e acessíveis. O IVS segue de portas abertas a quem deseja conhecer o projeto ou contribuir com doações que ajudem a manter as atividades voltadas à comunidade do bairro Partenon, em Porto Alegre.

Fonte: Marcelo Matusiak
Fotos: Marcelo Matusiak