Esclarecimentos e orientações
A dengue é uma doença arboviral transmitida principalmente aos humanos pela picada de mosquitos do gênero Aedes, especialmente por Aedes aegypti e, em alguns casos raros, por Aedes albopictus. O vírus possui quatro sorotipos: DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4. Todos eles podem causar infecção em humanos. A dengue continua sendo um dos principais desafios de saúde pública no Brasil. Com a chegada do período chuvoso e o aumento das temperaturas, o risco de surtos cresce, exigindo atenção redobrada da população e das autoridades sanitárias.
A Associação Médica do Rio Grande do Sul (AMRIGS) e a Sociedade Gaúcha de Infectologia (SGI), através da médica infectologista, Viviane Buffon e do infectologista Fabrizio Motta, prestam orientações para população sobre o assunto.
Epidemiologia da dengue
A dengue é endêmica em várias regiões tropicais e subtropicais do mundo, incluindo o Brasil. Nos últimos anos, tem-se observado um aumento na incidência dos casos, com surtos sazonais que coincidem com o período de maior proliferação do mosquito vetor. O Rio Grande do Sul registrou mais de 206 mil casos confirmados no ano de 2024, representando o maior número de notificações pela doença no estado.
Transmissão
O mosquito Aedes aegypti, vetor principal, prolifera-se em áreas urbanas e periurbanas. A transmissão ocorre quando um mosquito infectado pica uma pessoa, disseminando o vírus. A dengue não é transmitida diretamente de pessoa para pessoa.
Sintomas
A dengue pode se manifestar de forma leve a grave. Os sintomas incluem:
Nos casos graves, pode ocorrer a dengue hemorrágica, que se caracteriza por sangramentos, queda brusca da pressão arterial e choque. Diante de qualquer sintoma, é essencial procurar atendimento médico e não utilizar medicamentos à base de ácido acetilsalicílico (AAS) ou anti-inflamatórios, que podem agravar o quadro.
Diagnóstico
O diagnóstico da dengue inicia-se pela avaliação dos sintomas clínicos e histórico epidemiológico. Testes laboratoriais como ELISA, testes rápidos de detecção do antígeno viral NS1 e anticorpos IgM confirmam a infecção. O teste de RT-PCR (Reação em Cadeia da Polimerase em Tempo Real) é uma técnica molecular com alta sensibilidade e especificidade que desempenha um papel importante no diagnóstico precoce e na diferenciação dos quatro sorotipos do vírus da dengue. Ao detectar o material genético do vírus no sangue do paciente, o RT-PCR permite identificar a presença do vírus e determinar qual dos quatro sorotipos está causando a infecção. O tratamento deve ser iniciado logo após os resultados para evitar formas graves da doença.
Prevenção
A forma mais eficaz de evitar a dengue é impedir a proliferação do mosquito transmissor. Para isso, a população deve:
Tecnologias recentes no controle da dengue
Existem atualmente duas vacinas disponíveis no Brasil contra a dengue: a Dengvaxia (Sanofi Pasteur), indicada para pessoas de 9 a 45 anos que já tiveram dengue previamente confirmada, sendo administrada em um esquema de três doses com intervalos de seis meses; e a Qdenga (Takeda), recomendada para pessoas entre 4 e 60 anos, independentemente de infecção prévia, aplicada em duas doses com intervalo de três meses.
Essas vacinas reduzem a gravidade da doença e a necessidade de hospitalização, contribuindo para o controle da dengue.
Mosquitos com Wolbachia: A tecnologia Wolbachia, que envolve a liberação de mosquitos Aedes aegypti infectados com a bactéria Wolbachia pipientis, tem se mostrado eficaz na redução da incidência de dengue. Estudos realizados em diferentes locais, incluindo o Brasil, demonstraram que a introdução de Wolbachia em populações de mosquitos pode reduzir significativamente a transmissão do vírus da dengue. Por exemplo, um estudo em Niterói, Brasil, mostrou uma redução de 69% na incidência de dengue após a liberação de mosquitos infectados com Wolbachia.[1] Outro estudo em Yogyakarta, Indonésia, relatou uma eficácia de 77% na redução da dengue.[2]
Drones e Inteligência Artificial: No Brasil, a aplicação de tecnologias como drones e armadilhas inteligentes para a liberação e monitoramento de mosquitos infectados com Wolbachia está em desenvolvimento. A utilização de veículos aéreos não tripulados (drones) para a liberação de mosquitos foi demonstrada como uma abordagem viável e eficaz, comparável aos métodos tradicionais de liberação em solo, sem a necessidade de mão de obra intensiva.[3] Essa tecnologia pode facilitar a implementação em larga escala, especialmente em áreas de difícil acesso ou onde a segurança do pessoal é uma preocupação.
Não há um tratamento específico para a dengue, sendo o manejo voltado para o alívio dos sintomas e a prevenção de complicações. Recomenda-se:
A Associação Médica do Rio Grande do Sul (AMRIGS) e a Sociedade Gaúcha de Infectologia ressaltam que combater a dengue requer esforço coletivo. Prevenção e controle são essenciais para reduzir a incidência e complicações da doença. A cooperação social é fundamental para eliminar os criadouros do mosquito e preservar a saúde pública.
Juntos, podemos prevenir a dengue e salvar vidas.
Referências:
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