7 fatos que marcaram a história da AMRIGS

Linha do Tempo – Especial 70 anos

1. Fundação da AMRIGS

Dois médicos, presidentes de duas das principais sociedades médicas da década de 50 no Rio Grande do Sul, iniciaram, através de caravanas ao interior, a busca por apoio e participação na criação de uma instituição associativa que unisse a classe médica. Os doutores Paulo Queiróz Telles Tibiriçá, presidente da Sociedade de Medicina de Porto Alegre, e Bruno A. Marsiaj, presidente da Sociedade de Cirurgia do Rio Grande do Sul, formava, com outros médicos, grupos para se deslocar ao interior do estado, buscando sensibilizar seus demais colegas a se integrarem à constituição de uma Associação Médica Estadual. Idealizavam um aprimoramento científico e aproveitavam para cuidar da defesa dos direitos dos médicos, reunindo adeptos à ideia.

A fundação da Associação Médica do Rio Grande do Sul ocorreu no dia 27 de outubro de 1951, com a liderança do Dr. Paulo Tibiriçá, que conseguiu reunir no Salão Nobre da Faculdade de Medicina de Porto Alegre, 76 delegados eleitos pelas 23 sociedades médicas existentes.

Antes da fundação da AMRIGS, havia em Porto Alegre 16 sociedades médicas, e 7 fora de Porto Alegre. Elas realizavam, em geral, sessões movimentadas e interessantes, com conferencistas locais e, às vezes, de fora. Tinham períodos de maior ou menor atividade. Lembramos que a Sociedade de Medicina – a primeira de todas – nasceu no século XIX.

Nos dias 29 e 30 de julho de 1951, os “caravaneiros”, chefiados pelo Dr. Tibiriçá e Dr. Bruno Marsiaj, chegam à cidade de Rio Grande, onde foram recebidos pelos médicos Ennio Amorety Gomes e sua esposa Luiza Menna Barreto. À noite, no Salão de Festas do Clube do Comércio, os caravaneiros da AMRIGS foram contemplados com um jantar festivo. Nesta ocasião, o Dr. Bruno Marsiaj explicou aos presentes os planos de fundação da AMRIGS.

2. Construção da Sede

Com o passar dos anos, desde a sua fundação, a expansão física acabou tornando-se uma necessidade. E com a nova casa, a AMRIGS passou a desempenhar um papel além das suas finalidades iniciais, contando com teatro e salas disponíveis a aluguel. Ela também se tornou um espaço de sociabilidade para o público externo, com peças de teatros e outros eventos que ocorrem diariamente dentro da sede. Isso possibilitou que a entidade crescesse e acabasse por se tornar uma marca forte na medicina gaúcha.

A demanda cultural e científica era bastante difundida e houve, então, a necessidade de construção de um prédio para o Centro Científico Cultural. O projeto nasceu grandioso, com o nome do consagrado arquiteto Oscar Niemeyer. Os jornais da AMRIGS, à época, mostraram que devido a grandeza do anteprojeto, não foi possível a sua execução plena. A estrutura que se ergueu teve diversos momentos de construção. Em 1990, foi inaugurado o Prédio Administrativo. Em 1994, o Centro de Eventos. Em 1997, o Centro Científico Cultural e em 1999, o Teatro AMRIGS.

O êxito da campanha de assinaturas para construção da sede foi celebrado à época com muita empolgação. Foram mais de seiscentos nomes inscritos e que entraram na história para o andamento da grandiosa obra. No dia 18 de outubro de 1974, Dia do Médico, foi assinada a escritura do terreno, para posteriormente serem dados os primeiros passos da construção.

Os relatos da época mostravam a construção do pavilhão onde, hoje, está localizada a sede da Associação Médica do Rio Grande do Sul. O serviço foi realizado utilizando concreto sob bombeamento oferecido pela empresa Redimix.

O trabalho envolveu desafios econômicos observados naquele período. Inflação e pouca receita eram apontados como os grandes obstáculos, mas que foram superados. A Comissão de Obras comemorou a mudança no panorama da obra que aos poucos foi ganhando o contorno do prédio atual.

3. Prova AMRIGS

O número naquela época era expressivo: 130 inscritos participaram do 1º Exame AMRIGS, realizado em 1971. A distribuição detalhava 100 dos participantes oriundos da capital e 30 do interior do estado. Mais tarde, foi celebrada uma parceria importante com a Associação Médica Brasileira.

“Depois de ter alcançado também plena aceitação entre médicos, estudantes e as próprias faculdades de Medicina do Rio Grande do Sul, o Exame AMRIGS se transforma em Exame AMB, possibilitando que um número maior de interessados testem seus conhecimentos beneficiando com isso não só a eles, como também a clientela médica brasileira”, afirmou o então presidente do Conselho de Examinadores da AMRIGS, Sérgio Pacheco Ruschell.

A parceria com a AMB veio a ser refeita no período mais recente de outubro de 2019. Com uma nova assinatura entre AMRIGS e AMB, o teste tem validade nacional podendo ser aplicado nos mais variados locais do Brasil.

“A chancela da AMB significou o reconhecimento à qualidade e excelência do trabalho desenvolvido com a Prova AMRIGS. Essas características foram desenvolvidas ao longo dos 50 anos. Sabemos da grande importância que tem, a partir deste momento, a participação da AMB com a AMRIGS, transformando-se em uma prova nacional de avaliação do conhecimento médico. Teremos inúmeras possibilidades. Uma delas é que a prova passe a ser utilizada como novo Revalida Nacional, que é o exame de suficiência para os médicos estrangeiros. Outro benefício é que profissionais médicos do Brasil inteiro poderão usar a Prova AMRIGS como autoavaliação de conhecimento, que hoje já vem ocorrendo, porém limitado aos estados atuantes. O mais importante, é que a Prova AMRIGS possa servir como qualificação do exercício da Medicina no Brasil inteiro, auxiliando na formação de profissionais de todo o país”, afirmou o atual coordenador da Prova AMB/AMRIGS, Antônio Carlos Weston.

4. Teatro AMRIGS

Cinco meses após iniciada a sua construção, o Teatro AMRIGS foi apresentado aos seus colaboradores no dia 12 de outubro de 1999 e inaugurado para a comunidade gaúcha no dia 13. Foi um momento de glória para a história da Associação Médica do Rio Grande do Sul, fruto da ousadia, união, solidariedade e boa vontade. O Teatro AMRIGS consolidou o Centro de Eventos AMRIGS como uma estrutura moderna e ágil, demonstrando, desde aquela época, o grande potencial para realização de eventos médicos e outras atividades. Homenageado na inauguração, o arquiteto Sérgio Matte entregou ao então presidente Martinho Álvares Silva, a primeira estaca do Teatro.

5. Caravana AMRIGS

As Caravanas AMRIGS foram os primeiros instrumentos para a capacitação continuada e integração da categoria no Estado. Em 2011, a Associação Médica do Rio Grande do Sul retornou às suas origens retomando as tradicionais Caravanas, promovendo a troca de conhecimento científico e cultural entre a comunidade médica.

Desde o cenário da pandemia, em 2020, o evento também viu-se obrigado a passar por um processo de reinvenção. Em encontro com lideranças médicas de diversas regiões do estado em janeiro de 2021, Associação Médica do Rio Grande do Sul apresentou o projeto Caravana Digital AMRIGS, com painéis transmitidos de forma online pela plataforma Sympla Streaming, para alcançar os médicos e estudantes de Medicina, promovendo a qualificação continuada e as melhores práticas em saúde através de temas relevantes para o exercício da profissão.

“A iniciativa tem a premissa de aproximar a atuação da Associação Médica do Rio Grande do Sul (AMRIGS) das comunidades médicas do interior do estado”, explicou o atual coordenador do Projeto e diretor da AMRIGS, João Rogério Bittencourt da Silveira.

O presidente da AMRIGS, Gerson Junqueira Jr, comentou a importância do projeto.

“É um momento excepcional que vivemos com a pandemia, no qual sabemos a importância da disseminação do conhecimento ao mesmo tempo em que temos a ciência da impossibilidade de realização de encontros presenciais”, disse.

As atividades são realizadas com integrantes da diretoria da AMRIGS, representantes das Seccionais e de diferentes Sociedades de Especialidade e conta com a organização das equipes de Centro de Eventos, Núcleo de Defesa Profissional e Núcleo Técnico-científico da Associação para o desenvolvimento e suporte ao evento.

6. Instituto Vida Solidária

O Instituto Vida Solidária (IVS) é uma entidade sem fins lucrativos, de assistência social que desenvolve ações de saúde, educação e cultura. Foi constituído em 09 de abril 2005, pela Associação Médica do Rio Grande do Sul (AMRIGS), sua mantenedora. A unidade está localizada no município de Porto Alegre, na Avenida Ipiranga – 5109, ao lado da AMRIGS, no acesso à Vila São Pedro, conhecida como “Cachorro Sentado”.

Em 2016, o IVS recebeu uma homenagem na Câmara Municipal de Porto Alegre. O então presidente do parlamento municipal e proponente da reunião solene, vereador Dr. Goulart (PTB), lembrou que a AMRIGS “promove e difunde o conhecimento, influenciando na melhoria da saúde, das condições sociais, políticas, organizacionais e econômicas dos associados e da comunidade, por meio de ações de capacitação e aprendizagem, eventos e programas sociais, de forma sustentável”.

Goulart falou também sobre o respeito que tem pelo trabalho social desenvolvido no IVS. O então presidente, Alfredo Floro Cantalice Neto, agradeceu o reconhecimento em nome da instituição.

“Esta homenagem tem um valor inestimável para nós, pois é uma forma de reconhecimento de mais um projeto social que engrandece a AMRIGS e a responsabilidade social que nós temos”, afirmou.

Para concluir a homenagem, o Grupo Vocal AMRIGS se apresentou ao público, sob a regência do maestro Luciano Lunkes.

7. Revista Científica AMRIGS

É um tradicional e respeitado periódico para publicações de trabalhos científicos da área médica, de periodicidade trimestral e distribuição gratuita a todos os associados e às Faculdades de Medicina do Brasil. Existe há cinco décadas e está indexada no Index Medicus Latino-Americano.

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ATA DA PRIMEIRA SESSÃO DA FUNDAÇÃO DA AMRIGS

Transcrição realizada pelo Prof. Lafayete de Freitas Brandão e publicada no livro História do Associativismo Médico no RS do Dr. Nicolau Laitano e Dr. Genaro Laitano

No dia 27 de outubro de 1951, às 10:30 no Salão Nobre da Faculdade de Medicina de Porto Alegre, realizou-se a primeira sessão de Fundação da Associação Médica do Rio Grande do Sul (AMRIGS).

Com a palavra o Prof. Paulo Tibiriçá explica os motivos pelos quais, como presidente da comissão organizadora, assumia a direção da sessão. Historiou, em seguida, os trabalhos realizados por aquela comissão até o dia de hoje. Passou a palavra ao Dr. Bruno A. Marsiaj, para que relatasse o assunto relativo à construção da Casa do Médico. Este declinou, reservando-se para falar mais tarde, pois o tempo já ia avançando e era preciso prosseguir a sessão. A seguir, o Prof. Paulo Tibiriçá convoca os médicos que se achavam representados por delegados a fim de que estes elegenssem-os. Nestas condições havia dezoito médicos inscritos sendo que presentes, havia apenas seis. Foi feita então, por estes, a eleição de um delegado.

O resultado foi apurado por uma junta escrutinadora composta pelos Dr. Carlos Hoffmeister e Francisco Orcy cujo resultado foi: Dr. Roberto Osório Junior, cinco votos e Dr. Flor Amaral, um voto. A seguir, o Prof. Paulo Tibiriçá submete a casa à discussão da Fundação da Associação Médica do Rio Grande do Sul.

Como ninguém quisesse fazer uso da palavra, o Prof. Paulo Tibiriçá disse que ia submeter a casa à fundação da Associação. Feita a votação, verificou-se ter sido aprovada pela assembléia a fundação da Associação Médica do Rio Grande do Sul, por unanimidade. O Prof. Paulo Tibiriçá declara então fundada a AMRIGS.