A incidência média de câncer colorretal entre 1997 e 2009 na cidade de São Paulo, ajustada pela idade, foi de 26,7 casos por 100 mil habitantes. A conclusão faz parte de estudo realizado na Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP. De acordo com o trabalho do pesquisador Márcio Medeiros, os distritos com melhores indicadores socioeconômicos, em especial nas áreas centrais da cidade, concentram as ocorrências. Os resultados poderão servir de apoio à definição de políticas públicas que adequem a prevenção e o tratamento às especificidades da população.
No mundo, segundo dados da International Agency for Research on Cancer (IARC), ligada à Organização Mundial de Saúde (OMS), a taxa de incidência de câncer colorretal ajustada pela idade em 2012 foi de 20,6 casos por 100 mil habitantes. “É o terceiro tipo de câncer mais frequente no mundo, com estimativas para 2012 de 1,36 milhão de novos casos”, aponta Medeiros. “Representa 9,7% de toda a incidência de câncer, sendo o terceiro mais comum em homens e o segundo entre as mulheres”.
No Brasil, o Instituto Nacional do Câncer (INCA), vinculado ao Ministério da Saúde, estima que em 2014 as taxas brutas de incidência de câncer colorretal sejam 15,4 e 17,2 novos casos a cada 100 mil homens e mulheres, respectivamente. A pesquisa tem como base os casos diagnosticados na população do Município de São Paulo entre 1997 e 2009, que constam do Registro de Câncer de Base Populacional de São Paulo (RCBP-SP), mantido pela FSP. “Além de descrever as taxas de incidência e de mortalidade, também foi realizada a análise da distribuição espacial, segundo os distritos, dos casos diagnosticados neste período”, afirma o pesquisador.
Incidência de câncer
A média anual da taxa de incidência de câncer colorretal ajustada pela idade entre 1997 e 2009 foi de 26,7 casos por 100 mil habitantes. Os distritos com melhores indicadores socioeconômicos concentram as ocorrências. “Conforme dados da IARC, as taxas de incidência de câncer colorretal apresentam uma grande variabilidade mundial e seguem um padrão, com as taxas mais elevadas sendo encontradas nos países desenvolvidos e as menores nos países em desenvolvimento”, observa Medeiros. “O município de São Paulo tem taxas equivalentes as encontradas nas regiões em transição econômica.
Segundo o pesquisador, o estudo identificou variação geográfica na distribuição da incidência de câncer colorretal na cidade de São Paulo. “As maiores taxas são encontradas nas áreas centrais e as menores nas áreas periféricas”, ressalta. “A análise evidencia que o padrão espacial da distribuição da incidência apresenta forte associação com o padrão espacial da distribuição dos indicadores de status socioeconômico”.
Os resultados sugerem que características sociais e econômicas e incidência de câncer colorretal são influenciadas pela localização geográfica no Município de São Paulo, conjuntamente, destaca Medeiros. “Portanto, é possível especular que as características socioeconômicas dos distritos exercem uma influência sobre a ocorrência ou a detecção de casos de câncer colorretal, mas não se pode estabelecer uma relação de causa e efeito”, comenta.
De acordo com o pesquisador, os métodos exploratórios empregados na pesquisa podem auxiliar na definição de políticas públicas considerando as especificidades de cada distrito, incluindo aspectos geográficos, demográficos, disponibilidade e acesso a rede de tratamento etc. O trabalho, descrito em tese de doutorado apresentada na FSP, foi orientado pelo professor José Leopoldo Ferreira Antunes.