Aplicativos para dieta são aliados ou vilões?

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Aplicativos para dieta são aliados ou vilões?

A tecnologia está presente cada vez mais em nossas vidas, especialmente na palma de nossas mãos através do uso intenso do aparelho celular. Um dos destaques passou a ser aplicativos que ajudam a verificar como está nossa alimentação, quantificam calorias e sugerem determinados tipos de alimentos. Porém, os benefícios precisam ser bem avaliados e o acompanhamento profissional para quem quer melhorar a alimentação é sempre indispensável. Conversamos com o nutricionista, Miguel Angelo dos Santos Duarte Junior sobre o assunto.

Revista AMRIGS – Quais os aspectos positivos e negativos dos aplicativos que ajudam a organizar a dieta?

Miguel Angelo dos Santos Duarte Junior – Com certeza os aplicativos vieram para ficar, então temos de tirar proveito das coisas boas que eles nos oferecem. Positivamente, acredito que os aplicativos podem ajudar na adesão ao plano alimentar. Quando alguém inicia um acompanhamento nutricional eles podem ajudar na compreensão do valor calórico dos alimentos, ou quais nutrientes cada alimento fornece, ou seja, onde podemos encontrar mais proteínas, ou carboidratos, gorduras boas ou ruins, neste sentido. Existem alguns aplicativos que avaliam a qualidade nutricional dos alimentos e dão uma nota, um escore. Embora haja algumas avaliações controversas, podem ser úteis para diminuir o consumo de alimentos industrializados, ou com uma quantidade muito grande de aditivos químicos, muitas vezes “escondidos” no rótulo do alimento. Em contrapartida, o uso excessivo destes aplicativos podem criar compulsões alimentares, algumas pessoas não fazem uma refeição sem fazer a avaliação no aplicativo, além dos postar nas redes sociais, é claro. Não podemos ficar dependentes desta tecnologia, é importante entender como montar uma dieta equilibrada, sem o uso de aplicativos. Em contrapartida, como citei antes, há algumas interpretações equivocadas nestes aplicativos. Por exemplo, já vi aplicativos que consideram o Azeite de Oliva um alimento a ser evitado, porque o consideram com um alto valor calórico, como é uma fonte de gorduras, realmente o valor calórico será alto, mas é um alimento muito nutritivo, fonte de gorduras boas e ômega 3, então deve ser consumido se possível diariamente, em uma quantidade adequada. Este tipo de avaliação não é bem feita pelos aplicativos. Além disso, os aplicativos não levam em consideração aspectos sociais e comportamentais da alimentação e isso é importantíssimo. Portanto, podem ser utilizados, mas com cautela. É preciso que os usuários compreendam estas limitações destes aplicativos.

Revista AMRIGS – Que riscos está correndo quem foca apenas no uso da tecnologia sem ouvir um profissional?

Miguel Angelo dos Santos Duarte Junior – A alimentação é muito mais do que comer a quantidade certa de calorias, carboidratos, proteínas e lipídeos. Consumir estes nutrientes na quantidade certa não basta. É preciso encontrar prazer na alimentação, precisa ser um momento de satisfação, confraternização e socialização. Os aplicativos não consideram estes aspectos. Além disso, apresentam muitas limitações quando se trata da alimentação de pessoas que praticam algum exercício físico e/ou apresentam alguma patologia, e estes casos representam a grande parte da população. Os aplicativos funcionam com recomendações e informações muito generalistas e não são capazes de atender a individualidade de cada pessoa. Por isso, é fundamental o acompanhamento com um profissional nutricionista, somente assim será possível avaliar estas individualidades, tenho certeza que esse é o ponto chave para o sucesso das intervenções nutricionais.

Revista AMRIGS – Há um grande número de pessoas que prestam atenção apenas no número de calorias. Que outros aspectos precisam ser observados para uma correta alimentação e melhoria da qualidade de vida?

Este é um grande equívoco e realmente muito comum. Além das calorias é preciso avaliar os nutrientes presentes no alimento. Como citei anteriormente o caso do Azeite de Oliva, que contém um alto valor energético, porém, fornece nutrientes dificilmente encontrados em outros alimentos em nosso estilo de dieta do sul do Brasil. Há também o caso dos sucos de fruta, naturais, são em sua maioria bastante calóricos, porém, fornecem muitas vitaminas, minerais e fibras. São altamente nutritivos. Então se uma pessoa prestar atenção somente nas calorias pode acabar desenvolvendo um quadro de desnutrição, mesmo em pessoas com excesso de peso. Então, independentemente do valor calórico da dieta adotada é preciso consumir nutrientes na quantidade certa.

Fonte: Marcelo Matusiak

Foto: Arquivo Pessoal

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