Objetivo e avaliar os riscos da infecção pelo vírus e associações com outras doenças. Serão analisadas mais de mil mães e bebês. Em reunião com o ministro da Saúde, Marcelo Castro, a União Europeia anuncia 10 milhões de euros para pesquisas sobre Zika
O Ministério da Saúde, em parceria com o governo da Paraíba e o Centro de Controle e Prevenção de Doenças Transmissíveis (CDC) dos Estados Unidos, iniciou na terça-feira (16) um estudo de caso controle de microcefalia relacionada ao vírus Zika no Brasil. A pesquisa contará com a participação de 17 técnicos do CDC, nove do Ministério da Saúde, além de técnicos do governo da Paraíba. O objetivo da pesquisa é estimar a proporção de recém-nascidos com microcefalia associada ao Zika, além do risco da infecção pelo vírus.
“O Brasil tem atuado em parceria com outros países, estando à disposição da OMS desde o início, priorizando a investigação e o investimento em novas tecnologias que colaborem na busca de soluções e melhoria da assistência”, ressaltou o ministro da Saúde, Marcelo Castro.
O anúncio foi feito pelo ministro da Saúde, Marcelo Castro, durante reunião desta terça, com 24 embaixadores dos estados membros da União Europeia, em Brasília, para apresentar as medidas adotadas pelo Brasil para o enfrentamento ao mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, febre chikungunya e vírus Zika. Na ocasião, o embaixador da União Europeia, João Cravinho, informou ao ministro da abertura de uma linha de crédito para pesquisa no valor de 10 milhões de euros para estudos sobre Zika. Todas as instituições do mundo poderão participar do edital que deve ser lançado no dia 15 de março.
“A ciência hoje em dia não tem fronteiras. A intenção é criar alianças entre instituições brasileiras e instituições de outras partes do mundo. A expectativa é que o edital possibilite a criação de consórcios internacionais, juntando as melhores instituições especializadas nessas áreas”, destacou Cravinho.
A equipe do CDC desembarcou no Brasil para dar início nesta semana ao trabalho de pesquisa. Serão feitas reuniões com autoridades locais e estudos de campo com entrevistas e coleta de amostras de sangue para exames complementares de Zika e outras doenças como citomegalovírus e toxoplasmose. A Paraíba é o segundo estado com maior número de casos suspeitos de microcefalia no país. Ao todo, foram noticiados 756 casos, sendo 54 confirmados, 275 descartados e 427 em investigação.
O trabalho será realizado durante 50 dias com a coleta de informações de mulheres que tiveram bebês com ou sem microcefalia, recentemente, no estado. Para cada caso com microcefalia, serão escolhidas três mães da mesma região cujo bebê não possui a doença. A expectativa é que cerca de mais de mil mães e bebês sejam avaliados. O estudo deve terminar em abril deste ano.
Desde 2012, o Ministério da Saúde tem uma parceria com o CDC para cooperação de temas em saúde. Está é mais uma atividade desta cooperação envolvendo os dois países. Em relação às investigações atuais, o CDC participa de um estudo sobre Guillain Barré na Bahia, além de estarem colaborando com na área laboratorial de estudos da Fiocruz de Pernambuco sobre a relação do vírus Zika e microcefalia.
O ministro da Saúde, Marcelo Castro afirma que o Brasil tem sido um protagonista no enfrentamento do aumento de casos de microcefalia. “Quando decretamos Situação de Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional sinalizamos à Organização Mundial da Saúde a possiblidade de um evento de importância internacional e, desde então, colocamo-nos à disposição da organização para esclarecimentos e fornecimento de materiais técnicos”, comentou o ministro.
Nos próximos dias 23 e 24 de fevereiro, o Brasil recebe a visita da diretora-geral da OMS, Margareth Chan para acompanhar os atuais esforços do governo no combate ao Zika e à microcefalia. O convite foi feito pelo governo brasileiro para que a OMS possa acompanhar e conhecer as iniciativas desenvolvidas no Brasil.
COOPERAÇÃO ” Na semana passada, o ministro da Saúde, Marcelo Castro, anunciou o primeiro acordo internacional para desenvolvimento de vacina contra o vírus Zika. A pesquisa será realizada conjuntamente pelo governo brasileiro e a Universidade do Texas Medical Branch dos Estados Unidos. Para isso, será disponibilizado pelo governo brasileiro US$ 1,9 milhão nos próximos cinco anos.
De acordo com o cronograma de trabalho, a previsão é de desenvolvimento do produto em dois anos. A parceria no Brasil para desenvolvimento da vacina será com o Instituto Evandro Chagas (IEC), órgão vinculado ao Ministério da Saúde.
O investimento em novas tecnologias é um dos eixos do Plano Nacional de Enfrentamento ao Aedes e à Microcefalia que está sendo executado pelo governo federal com envolvimento de todos os órgãos federais, além da parceria com os governos estaduais e municipais.
O plano foi criado para conter novos casos de microcefalia relacionados ao vírus Zika e oferecer suporte às gestantes e aos bebês. Ele é resultado da criação do Grupo Estratégico Interministerial de Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional e Internacional. O plano é dividido em três eixos de ação: Mobilização e Combate ao Mosquito, Atendimento às Pessoas e Desenvolvimento Tecnológico, Educação e Pesquisa.