Para alertar a população, o Ministério da Saúde lançou no dia 1º de outubro uma campanha de conscientização sobre a importância do diagnóstico e realização do tratamento contra tuberculose. Com o mote “testar, tratar e vencer”, a campanha é protagonizada pelo jogador de futebol Thiago Silva. “Tuberculose existe, mas tem cura”, alerta o jogador. O zagueiro foi diagnosticado com a doença em 2005, quando jogava em um time russo. O objetivo da campanha é levar mais informação às pessoas, reduzindo o preconceito sobre a doença. No ano passado, a campanha do Ministério da Saúde contou com a participação do cantor Thiaguinho, que também foi diagnosticado, seguiu tratamento sem interrupção e foi curado.
A tuberculose é uma doença infecciosa e transmissível que afeta prioritariamente os pulmões, mas também pode ocorrer em outras partes do corpo, como ossos, rins e meninges (membranas que envolvem o cérebro). Na maioria das pessoas infectadas, os sinais e sintomas mais frequentemente são tosse seca contínua, no início da doença, depois tosse com presença de secreção por mais de quatro semanas, transformando-se, na maioria das vezes, em uma tosse com pus ou sangue; cansaço excessivo; febre baixa geralmente à tarde; sudorese noturna; falta de apetite; palidez; emagrecimento acentuado; rouquidão; fraqueza e prostração. A transmissão é direta, de pessoa a pessoa, por meio de pequenas gotas de saliva expelidas ao falar, espirrar ou tossir.
A tuberculose ainda é um problema de saúde pública no mundo, mas os esforços para prevenção e tratamento da doença tem surtido efeito. Em 2012, o Brasil atingiu, antecipadamente, as metas para 2015 dos Objetivos do Milênio (ODM) de redução pela metade das taxas de incidência, prevalência e mortalidade em decorrência da doença. Mesmo assim, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que, atualmente, existam nove milhões de casos da doença em todo mundo.
Em 2015 começa uma nova etapa do combate à tuberculose, superando a meta de controle da doença e partindo para a perspectiva de sua eliminação. O Ministério da Saúde assume o compromisso de reduzir em 95% os óbitos e em 90% o coeficiente de incidência da doença até 2035.
A pesquisadora Margareth Dalcolmo, do Centro de Referência Professor Hélio Fraga, da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP/Fiocruz) explica que a tuberculose é uma doença antiga e persistente. “A tuberculose acompanha o ser humano há muito tempo. No Brasil, ela se reveste de um estigma muito forte. Principalmente, por ser uma doença contagiosa e que quando se detectada, necessariamente é preciso contatar as pessoas que cercam o paciente. Ela é predominante urbana e relacionada a más condições de moradia e saneamento”, disse.
Além dos fatores relacionados ao sistema imunológico de cada pessoa, o adoecimento por tuberculose, muitas vezes, está ligado à pobreza e à má distribuição de renda. Assim, alguns grupos populacionais possuem maior vulnerabilidade devido às condições de saúde e de vida a que estão expostos.
Para prevenir as formas mais agressivas da doença é necessário imunizar as crianças, no primeiro ano de vida, ou no máximo até quatro anos, com a vacina BCG. O risco de transmissão é maior entre pessoas que vivem em ambientes fechados, mal ventilados e sem iluminação solar.
O tratamento deve ser feito por um período mínimo de seis meses, sem interrupção, diariamente. No esquema básico, são utilizados quatro fármacos: rifampicina, isoniazida, pirazinamida e etambutol. Os pacientes que seguem o tratamento corretamente são curados. Margareth ressalta a importância da adesão ao tratamento. “A tuberculose tem um paradoxo. Ela é uma doença necessariamente de tratamento longo, com duração de seis meses, e composto vários comprimidos que devem ser tomados todos os dias, o que naturalmente dificulta a adesão. Além disso, o tratamento é altamente eficaz. Na prática uma pessoa que fica doente, nos primeiros dois meses de tratamento ganha o peso que perdeu, melhora a febra e a tosse, de modo que ela se sente melhor. E ao se sentir melhor, ela fica muito tentada de abandonar o tratamento ou regularidade. E é muito grave essa irregularidade. Isso expõe o bacilo de forma inadequada ao tratamento, fazendo que ele adquira resistência aos fármacos”, explica.
TESTE RÁPIDO ” Além da campanha de esclarecimento sobre a tuberculose, o Ministério da Saúde trabalha na melhoria do diagnóstico da doença. Em 2014, a coordenação do Programa Nacional de Controle da Tuberculose distribuiu 175 equipamentos de teste rápido a 94 municípios ” onde se concentram 55% dos casos novos e retratamentos registrados no Brasil. Denominado “Gene Xpert”, o teste detecta a presença do bacilo causador da doença em duas horas e identifica se há resistência ao antibiótico rifampicina, usado no tratamento básico. O exame laboratorial tradicional pode levar de um a dois meses. Em um ano, foram realizados mais de 145 mil testes.