Dezenove escolas médicas brasileiras receberam nesta quarta-feira (7) um selo de acreditação oferecido pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) e pela Associação Brasileira de Educação Médica (Abem) após terem cumprido uma série de pré-requisitos exigidos pelo Sistema de Acreditação de Escolas Médicas (Saeme). Na prática, essas instituições de ensino comprovaram excelência em diferentes aspectos, que envolvem requisitos educacionais, perfil dos docentes, qualidade da gestão e da infraestrutura disponível, entre outros pontos.
Representantes das escolas são recebidos em Brasília (DF)
Para ser acreditada pelo Saeme, a instituição precisa cumprir uma série etapas que incluem desde o preenchimento de um questionário online até visitas in loco, envolvendo dirigentes, docentes, estudantes e técnicos da escola, representantes da comunidade, da rede de saúde local e a equipe de avaliadores. A certificação vale por três anos, quando então os cursos serão reavaliados.
Dos 19 cursos acreditados, seis estão situados em Estados da Região Sudeste (32%). Em segundo lugar, aparecem as regiões Nordeste e Sul, com cinco cursos acreditados cada uma. Do ponto de vista de perfil de gestão administrativa, a maioria (68%) é privada. Com relação ao tempo de funcionamento, 53% das escolas avaliadas têm mais entre 47 e 63 anos de experiência pedagógico-institucional e 42% têm entre 10 e 20 anos de criação. Apenas uma das instituições existe há menos de 10 anos.
As escolas contempladas se inscreveram na primeira edição do Saeme, realizada este ano. Em 2017, haverá uma nova etapa, com previsão de avaliar 50 outros cursos. Os prazos e condições de participação serão divulgados oportunamente. A metodologia e as condições em vigor estão disponíveis no site http://saeme.org.br
“Temos uma interpretação extensiva das nossas missões precípuas, previstas na Lei 3.268/57, de que zelar pelo ético desempenho da medicina por todos os meios ao nosso alcance é também contribuir com a formação dos futuros profissionais médicos. É com plena consciência desse dever que aproveitamos a oportunidade ímpar de contarmos com a disponibilidade de uma equipe proficiente voltada às questões de avaliação dos cursos médicos”, disse o presidente do CFM, Carlos Vital, ao saudar o coordenador técnico do Saeme, Milton de Arruda Martins.
Milton de Arruda Martins, que também é professor da Universidade de São Paulo (USP), explicou que a união do CFM e da Abem, na construção do Saeme, se deu no momento em que as instituições internacionais de ensino e de regulação da profissão se unem em prol de melhorias na qualidade da formação médica. A World Federation for Medical Education (WFME), organismo mundial que reúne instituições de ensino médico, por exemplo, definiu um sistema de reconhecimento das iniciativas acreditadoras como o Saeme. “Iniciaremos esse processo junto à WFME no início de 2017”, anunciou Arruda Martins.
A conquista do reconhecimento internacional da WFME é considerada um passo importante em um cenário de expansão de cursos de medicina no mundo e circulação cada vez maior de médicos. “No momento em que o Saeme for reconhecido pela WFME, os alunos formados por instituições acreditadas pelo nosso Sistema poderão prestar o exame ECFMG americano [que habilita o médico a ingressar em programas educativos nos EUA e é um dos passos para obter licença irrestrita para praticar a medicina naquele país]”, diz Martins, explicando que a ECFMG aceitará, a partir de 2023, apenas a inscrição de médicos egressos de escolas acreditadas por sistema reconhecido internacionalmente.
Do mesmo modo, Associação Internacional de Autoridades Médicas Reguladoras (IAMRA) também definiu como prioridade a acreditação dos cursos de medicina e decidiu apoiar a World Federation for Medical Education na criação dessa rede de instituições acreditadoras. Para o presidente da Abem, Sigisfredo Luis Brenelli, o Saeme cumpriu o seu objetivo de que os cursos busquem crescimento e desenvolvimento.
Brenelli enalteceu ainda a participação discente no projeto. “Gostaria de agradecer todo o movimento estudantil nas suas diversas organizações, que têm apoiado, intervindo e sido força motriz importante para a transformação e evolução do ensino médico no país. É muito acalentador para nós que temos a responsabilidade de cuidar da Abem ver o quanto as escolas estão se esforçando, trabalhando, capacitando e mudando paradigmas para que possamos formar o médico que a sociedade brasileira precisa”.