Participantes da mesa redonda Álcool & Saúde: o papel do Estado e da sociedade civil
O consumo de bebida alcoólica chegou a 8,9 litros por brasileiro, superando a média internacional, de 6,4 litros per capita. A marca, registrada em 2016, coloca o País em terceiro lugar na América Latina e quinto em todo o continente entre os países com maior consumo de álcool. Considerado um dos seus maiores problemas de saúde pública, o alerta delineou as discussões do primeiro Fórum sobre Alcoolismo, promovido pelo Conselho Federal de Medicina nesta terça-feira (9).
O evento, que acontece até amanhã (10), foi organizado pela Comissão de Controle de Drogas Lícitas e Ilícitas do Conselho Federal de Medicina (CFM) e tem como objetivo central promover uma reflexão sobre os temas relacionados à doença. “Buscamos contribuir para a formulação de propostas para enfrentar os transtornos do alcoolismo, trabalhando, como sempre, pelo aperfeiçoamento de práticas e lutando por uma saúde melhor para todos os brasileiros”, destacou o presidente da autarquia, Carlos Vital, durante a cerimônia de abertura.
Questões como o papel do estado e da sociedade civil; a definição e a eficácia das políticas públicas de saúde de prevenção e de tratamento do alcoolismo; e a necessidade de regras para limitar a publicidade e a propaganda de bebidas alcoólicas iniciaram as atividades do Fórum. Os pontos foram debatidos durante a mesa redonda “Álcool & Saúde: o papel do Estado e da sociedade civil”, coordenada pelo conselheiro federal pelo Rio de Janeiro e membro da Comissão, Sidnei Ferreira.
“Crianças e adolescentes são grupos altamente vulneráveis aos impactos negativos do álcool. Além dos prejuízos nefastos do próprio consumo de bebidas por menores de idade, pesquisas apontam que, em famílias nas quais um adulto faz uso abusivo de álcool, são maiores as taxas de conflito entre os pais e de violência praticada contra as crianças, entre outras implicações”, advertiu o pediatra.
Sem regulação – Ronaldo Laranjeira, professor da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo, abordou a eficácia das políticas de controle do consumo de álcool e citou estudo sobre “como bebem os brasileiros”, que indica que metade da população brasileira não consome bebida alcoólica. Apesar disso, alertou o especialista, cerca de 20% dos que admitem ser “bebedores” consomem quase 80% das bebidas alcoólicas distribuídas no Brasil.
“Isso confirma que a indústria da bebida vive do beber problemático, do beber abusivo e da dependência do álcool, um produto que atualmente é absolutamente desregulado no País. Do ponto de vista da política pública, isso é um grande problema, que inclusive surpreende especialistas de países desenvolvidos”, criticou Laranjeira.
Danos à saúde – Já os riscos do alcoolismo para a saúde foram trazidos pelo coordenador do Projeto de Extensão em Alcoologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Osvaldo Luiz Saide. Na ocasião, ele também pontuou os diversos conflitos de interesses encontrados em pesquisas que supostamente demonstram benefícios do consumo de álcool.
“O álcool é a droga que mais malefícios provoca. O uso nocivo do álcool afeta a saúde e também tem consequências sociais e econômicas graves, com custo muito elevado para a sociedade, desde a preciosa subtração precoce de vidas humanas a perdas na produtividade, incapacidades funcionais e desajustes mentais irreversíveis”.
Publicidade – Já a representante da Aliança de Controle do Tabagismo e Promoção da Saúde, Adriana Carvalho, destacou a importância da imposição de limites para a publicidade do álcool. Ao citar o exemplo de sucesso em políticas públicas eficazes no combate ao tabagismo, ela destacou que uma das questões fundamentais foi a imposição de restrição à publicidade, emissão de alertas sanitários, entre outras iniciativas.
“O reconhecimento social da relação de doenças e o consumo de tabaco ou do álcool ocorre em intensidades e momentos diferentes: trilham caminhos similares. Podemos aprender com a experiência antitabagista. Ainda que o tabaco e o álcool sejam produtos lícitos, são drogas e, portanto, seu consumo não pode ser estimulado, incentivado ou promovido”, defendeu Adriana.
Autoridades – Ainda na primeira mesa redonda, também participou dos debates a diretora nacional de Cuidados, Prevenção e Reinserção Social do Ministério da Cidadania, Cláudia Gonçalves. Além de apresentar as ações e perspectivas da Política de Governo para o Tratamento dos Transtornos do Abuso de Álcool, a representante do Poder Executivo demonstrou iniciativas como o Observatório Brasileiro de Informações sobre Drogas (OBID) e o canal de atendimento ministerial específico para “Cuidados e Prevenção às Drogas” (telefone 121, opção 4).
Fonte: CFM
Foto: CFM
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