Gostaria de enviar para algumas pessoas amigas mensagens de conforto, paz e alegria, tentando me redimir da minha incapacidade de ajudar mais. Não me perdoaria se deixasse de enviar para você. Espero que me perdoe por enviar. Desculpe pensar que lhe interessaria. Não que eu pense por você. Mas navegar é preciso!
Me conforta saber que muitos se preocupam com este problema, até aqui sem solução efetiva. Acredito que estejamos no caminho e, mesmo que não se consiga eliminá-lo, pelo menos que se reduza o suficiente para voltarmos aos problemas de sempre.
Vejo uma notícia recente de que uma rede de hospitais privados de Manaus estaria usando método eficaz e que o resto do mundo estaria errado. O cidadão que apresenta parece ter reinventado a roda. Há poucos dias, um “doutor X da Amazônia” disse ter a solução para a COVID-19: “o plasma”, um desconhecido. Muitos concluíram que Cloroquina + Azitromicina é o melhor tratamento. Salvador de vidas! Muita ênfase de que serão indispensáveis muitíssimos leitos de UTI e incontáveis respiradores, ou o mundo vai acabar. Afirma-se que isolamento social é o melhor caminho. Mas ninguém sabe dizer por quanto tempo. Outros enfaticamente são contra tudo e todos. Talvez, como sempre foram.
Parece que esta pandemia transtornou e exacerbou ideologias, carreiras políticas, crenças, princípios, valores, e outros atributos, alguns de significado discutível. E nosso povo fica girando a cabeça para lá e para cá, atordoado, desconfiado e, como sempre, carregado por grandes emoções e corporações.
Estamos revisitando a estorinha do elefante e os cegos. Lembram? Cada um tocava numa parte e achava que ele era “aquilo”. A diferença é que os cegos eram do bem.
Precisaríamos construir uma grande rede de inteligência com base científica e que se mantivesse isenta de interesses contrários aos coletivos. Difícil, mas não impossível. Ou vamos ficar que nem cegos ao redor do elefante, ou cães a rodar em círculos tentando morder o próprio rabo? Será que ainda não aprendemos o suficiente para resolver problemas que não deveriam mais existir? Precisamos nos revisar, pois nossa fragilidade nos acusa de negligenciar o que já deveria ter ficado para trás.
Dr. Luiz Carlos Corrêa da Silva
Médico pneumologista e mentor do Projeto Fumo Zero da AMRIGS
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