Vida de Médico: Lúcia Maria Kliemann
Sou filha de uma mulher que, pobre e deficiente, se tornou médica no ano de 1948. Eram apenas 7 mulheres em uma turma de 92 formandos. Toda a minha vida soube que queria ser médica e nunca imaginei um segundo curso a fazer. Talvez alguma segunda opção tenha me ocorrido por medo do vestibular, mas não prosperou. Ao longo de toda a faculdade, imaginei ser pediatra como minha mãe. Talvez geriatra. Tínhamos na Faculdade uma turma bastante heterogênea, mas os laços criados foram de irmãos e permanecem até hoje. Fiz monitorias, iniciação científica e no final do 4º ano comecei a trabalhar em um laboratório de patologia, fazendo macroscopia, sempre no final da tarde.
No último mês de faculdade, decidi que seguiria a carreira de patologista. Fiz residência e, já no segundo ano, fui convidada a montar um laboratório com dois professores. Um deles sempre me viu como apta à docência e me estimulou muito a seguir essa carreira. Apenas dois anos após o término da residência, fui aprovada em concurso público para professora de Patologia da UFRGS. Depois disso, fiz mestrado, doutorado, ocupei muitos cargos administrativos no âmbito da Faculdade e da Universidade.
Através de projetos de pesquisa interdisciplinares, conheci muitos colegas de áreas diferentes e, através deles, fui convidada a participar da Direção da Fundação Médica do Rio Grande do Sul, da qual me tornei a primeira Presidente mulher em 2011.
Em 2013, me tornei a primeira vice-Diretora mulher da Faculdade de Medicina, em 2017 a primeira Diretora e, agora em 2021, fui reeleita na primeira chapa composta por duas mulheres para a Direção da FAMED, 123 anos após sua Fundação.
Hoje, tenho o orgulho de dizer que só faço o que gosto – ou gosto de tudo o que faço. A maturidade traz a paciência, a ponderação e a resiliência. Acho que minha característica mais marcante é o entusiasmo por uma boa ideia ou uma nova ação.
Fora do Consultório
Em 2020, com a pandemia, me engajei em um programa de voluntariado de comunicação com as famílias de pacientes com COVID internados na CTI do HCPA. Foi fantástico! Renovou em mim todo aquele aspecto mais humano da medicina da relação médico-paciente, experimentado diariamente pelos colegas de especialidades clínico-cirúrgicas, mas tão distante da minha realidade de patologista. Fez com que me sentisse agente ativo no combate à pandemia, embora atuando fisicamente distante da CTI. Pude acompanhar o cansaço estampado no rosto dos colegas, a frustração pelo não cumprimento de medidas sanitárias por parte da sociedade e pela prática de medidas não científicas e o desolo da perda de muitos e muitos pacientes.
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